As faculdades e universidades privadas investem milhões de reais em vendas, publicidade e marketing. Em apenas um trimestre, seis dos maiores grupos educacionais do Brasil investiram juntos pelo menos R$ 226 milhões, segundo um levantamento recente, com base no relatório aos investidores do primeiro trimestre de 2021 ou do último trimestre de 2020.
Considerando que o Brasil tem mais de 2 mil Instituições de Ensino Superior (IES) privadas, o montante investido à captação de alunos provavelmente é muito maior. Para onde vai esse dinheiro? Como a pandemia impediu algumas ações presenciais, como feira de profissões e panfletagem, a maioria do investimento passa por estratégias digitais.
A pandemia transformou os tradicionais processos de recrutamento de estudantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, as faculdades organizaram feiras, painéis informativos e tours pelo campus. Com uma novidade: tudo online.
Algumas IES repetiram o modelo no Brasil. A ação mais adotada, porém, foi o vestibular no formato online. Pelo menos 1,3 mil IES realizaram vestibular virtual, segundo o jornal O Globo. Um estudo da consultoria Educa Insights, de dezembro de 2020, mostrou que 92% dos alunos ouvidos estavam inclinados a fazer a prova no modelo.
A pesquisa apontou outras cinco ações que, adotadas pelas IES, têm potencial para converter interessados em alunos.
As instituições de ensino, principalmente as pequenas e médias, precisam ser criativas e construir campanhas bem-sucedidas para competir com as grandes marcas. Uma solução, aqui, é o programa de embaixadores da Saber em Rede, uma startup de captação de alunos.
No programa de embaixadores, os interessados recebem treinamento e materiais de divulgação em redes sociais e WhatsApp para vender o portfólio de cursos, recebendo uma comissão por cada matrícula efetivada. É como o profissional corretor de seguros, um vendedor autônomo, só que voltado a orientar e captar alunos.
“É uma estratégia que gera capilaridade na captação de faculdades que não estão conseguindo fazer ações presenciais como antes, além de fornecer uma renda extra que muitas pessoas estão buscando por conta da crise”, afirma Laila Martins, CEO do Saber em Rede .
Entre as instituições que adotaram o programa de embaixadores estão o Centro Universitário Eniac, de Guarulhos (SP), que batizou a estratégia de “Programa Indique”, e a UniGoiás, de Goiânia (GO).
“A pandemia acelerou mudanças que estavam em curso no ensino superior e tumultuou o mercado, o que não permite acomodação. As instituições precisam acompanhar e até antever a nova realidade de captação que está surgindo”, comenta o professor Waldenyr Martins de Sousa, gerente de marketing da UniGoiás.
A presença online é cada vez mais importante na captação, alavancando o investimento em marketing digital. Isso passa não só pela presença relevante em redes sociais, mas também pelo monitoramento do comportamento e do processo de decisão do prospect através de ferramentas de otimização de conversão (CRO, na sigla em inglês) e otimização de mecanismos de busca (SEO).
O SEO deve fazer parte tanto das campanhas de links pagos quanto nos conteúdos publicados no blog da instituição. O site é o principal ponto de referência de uma empresa na web, qualquer que seja o segmento de atuação. É lá que as pessoas encontram o histórico da IES e, claro, os serviços que oferece.
Há muitas maneiras de utilizar esse espaço. Um blog corporativo dá voz à comunidade acadêmica e, de quebra, ajuda a IES a manter os prospects atualizados sobre o que acontece no campus. Como disse a especialista em educação superior Malu Gouveia, em um webinar promovido pela Plataforma A, marketing digital é muito mais do que simplesmente ter uma rede social ativa.
Fonte: Desafios da Educação