O uso da internet no Brasil chegou a 152 milhões de pessoas, representando 81% da população no país, entre 2020 e 2021. É o que destaca a pesquisa TIC Domicílios 2020, elaborada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), apoiado pela Unesco, e pelo Cgi.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil).
Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira (18/8). Segundo os dados, a proporção de usuários de internet aumentou principalmente entre moradores de áreas rurais: 70% em comparação com 53% da pesquisa de 2019. A participação das pessoas com 60 anos ou mais no mundo online também aumentou, de 34% para 50% no mesmo período.
Outros destaques:
Esse movimento de mais pessoas conectadas pode ser explicado pelos desafios gerados pela pandemia de covid-19. Com o isolamento social, serviços digitais ganharam destaque em todo o país. A criação do PIX, meio de pagamento instantâneo idealizado pelo Banco Central, e os pagamentos do auxílio emergencial, que aconteceram de maneira online, são dois fatores que incentivaram a mudança de hábitos.
Apesar de o Brasil ter mais pessoas usando a internet, a desigualdade social e de acesso ainda é uma grande barreira. Segundo o levantamento, as classes mais altas, com maior escolaridade e mais jovens representam as maiores proporções de usuários usando serviços digitais. O preço da conexão ainda é a principal barreira de acesso.
Para a realização da TIC Domicílios 2020, foram coletados dados por telefone e realizadas algumas entrevistas presenciais. No total, foram analisados 5.590 domicílios e 4.129 indivíduos. Com a pandemia, os pesquisadores realizaram mudanças na metodologia, já que, antes, todas as entrevistas aconteciam de maneira presencial.
A pesquisa TIC Domicílios 2020 mostrou também que houve um crescimento interessante do uso da internet via televisão, que representou 44% dos entrevistados (em 2019, 37%). O uso do computador representou 42% (manteve o mesmo número no levantamento anterior). Essa dinâmica de dispositivos de acesso ao ambiente online se destaca principalmente entre as classes mais altas.
Apesar de ainda ser bastante usado, o computador vem sofrendo uma queda histórica. Seu consumo, em 2014, era presente em 80% dos domicílios.
Segundo Fabio Storino, coordenador da pesquisa, as famílias buscaram manter a rotina em casa utilizando aparelhos diferentes com serviços de educação a distância e o home office potencializados pela pandemia. Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, e Márcio Migon, coordenador do CGI.br, também estiveram presentes no evento online de divulgação dos resultados.
O setor educacional teve destaque no mundo online nesse contexto pandêmico. A classe C realizou mais cursos a distância (18%) e estudo por conta própria (45%). Contudo, as proporções ainda são inferiores à da classe A.
Mas não é só isso. Acontecendo em boa parte do ano de maneira remota, a educação tradicional incentivou o aumento das atividades escolares. Entre 10 a 15 anos, os alunos realizaram 91% dos trabalhos escolares pela Internet.
Serviços de entretenimento, como lives e leitura de jornais e revistas, foram atividades que cresceram segundo a pesquisa. As transmissões de áudio ou vídeo em tempo real aumentaram em 17 pontos percentuais de 2016 para cá. Já o consumo de notícias subiu para 8 p.p de 2019 para 2020, adotado principalmente por quem tem ensino superior (86%).
Em relação aos serviços bancários, houve aumento de 10 p.p da realização de transações financeiras online em relação a 2019, principalmente entre as classes C e D/E. 43% dos entrevistados fizeram consultas, pagamentos ou outras transações financeiras por meio da internet. Anteriormente, esse volume foi de 33%.
O consumo de músicas e o uso da internet para o envio de mensagens continuaram sendo atividades comuns. Mas houve crescimento nas chamadas de voz e vídeo: 80% dos entrevistados realizaram essa atividade importante para manter a saúde mental e os laços afetivos em tempos de pandemia, explicou Fábio Storino. As chamadas foram mais frequentes entre a Classe A (93%) e pessoas com ensino superior (90%).
53% dos participantes no estudo buscaram informações sobre saúde, saindo do patamar de 47% do levantamento anterior. Essas pesquisas foram realizadas principalmente pelos usuários com ensino superior (78%), contra 30% do fundamental.
Fonte: Portal UOL