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A Ânima está em negociações avançadas para aquisição do CEUB, tradicional centro universitário de Brasília, numa transação avaliada em cerca de R$ 800 milhões, segundo o Valor apurou. Esse montante envolve um passivo fiscal.

No ano passado, segundo fontes, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado do CEUB foi de R$ 60 milhões.

Procurada, a Ânima Educação informou por meio de comunicado “que não existe, na presente data, qualquer transação concluída, seja com o referido grupo, seja com qualquer outro alvo potencial.” O CEUB não se pronunciou até o fechamento desta edição.

Apesar de ser bastante conhecida por sua graduação de direito, o que realmente gerou interesse pela instituição de ensino foi seu curso de medicina. O CEUB tem cerca de 14 mil alunos, sendo 750 matriculados nesse curso considerado o mais rentável do ensino superior, com mensalidade média de R$ 8,5 mil. Atualmente, cada vaga de medicina é avaliada no mercado na casa de R$ 1,4 milhão. O CEUB tem, atualmente, 150 vagas e possibilidade de abrir mais 50.

A Ânima vem investindo fortemente em seu braço de cursos de medicina. Com a recente aquisição da Laureate Brasil, a companhia passou a ter quase 10 mil alunos matriculados nessa graduação, o que a posiciona como a segunda maior instituição privada em medicina, atrás apenas da Afya. Além disso, se a operação for concluída, a Ânima entra no mercado de Brasília.

O CEUB tem um passivo fiscal relevante, segundo fontes ouvidas pelo Valor. O centro universitário é sem fins lucrativos, mas por algum período perdeu sua imunidade, o que gerou o endividamento tributário que está sendo discutido na Justiça. Esse é o ponto mais frágil das negociações que já fez outros grupos desistirem e o próprio CEUB não avançar com as propostas inferiores a R$ 600 milhões que lhe chegaram à mesa nos últimos dois anos, quando começaram as primeiras conversas.

Fundado há mais de 50 anos, o centro universitário é controlado por duas famílias: a do reitor Getúlio Américo Moreira Lopes e a do vice-reitor Edevaldo Alves da Silva, ex-secretário de governo na segunda gestão do então prefeito de São Paulo Maluf, nos anos 1990, e fundador da FMU. Essa instituição de ensino foi vendida em 2013 para a Laureate Brasil e na transação com a Ânima foi adquirida pelo fundo Farallon. As famílias Américo e Alves da Silva detêm juntas 84%, com participações iguais de 42%. A outra fatia de 16% pertence a um grupo de cerca de 40 acionistas.

Nos últimos anos, a medicina virou a vedete do setor. A Afya abriu seu capital na Nasdaq e tem várias aquisições de faculdades de medicina. A mais recente foi em maio, quando comprou a Unigranrio por R$ 700 milhões. Nessa esteira, vieram Yduqs, Ânima, Cruzeiro do Sul, Ser e mais recentemente a Kroton informou que também está de olho nesse mercado que tem demanda, mas pouca oferta. Em 2018, o governo federal proibiu a abertura de novas vagas de medicina por cinco anos.

A transação apesar de gerar muitas sinergias à Ânima também coloca desafios à companhia que já está bastante alavancada com a aquisição da Laureate Brasil. Hoje, a dívida da companhia representa 4,6 vezes o Ebitda, mas a Ânima já iniciou um forte processo de venda de ativos como grupos de ensino que estão fora do seu perfil e imóveis para reduzir o endividamento. A projeção da Ânima é chegar em junho do próximo ano com uma relação dívida/ebitda equivaIente a 3 a 3,5 vezes.

Fonte: Valor Econômico

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