A curricularização da extensão é uma oportunidade para resetar o modelo tradicional e colocar as instituições de ensino superior (IES) na educação 4.0. Na segunda-feira (21/3), o gerente de negócios da Plataforma A , Fábio Paz, realizou uma palestra sobre o tema no 27º Congresso Internacional ABED de Educação a Distância (CIAED).
Segundo Paz, se for utilizada de maneira estratégica, a curricularização da extensão ajuda as IES a desenvolver quatro pilares da educação do futuro. São eles: a adoção de modelos por competências, o desenvolvimento de soft skills, a criação de projetos para resolução de problemas reais e a implementação de mentorias.
“É hora de aproveitar a obrigatoriedade da curricularização da extensão para quebrar resistências, saindo de um modelo de ensino just in case para um modelo just in time, onde o aluno aprende aquilo que precisa agora”, destacou Paz em sua apresentação.
As IES não têm tempo a perder. O prazo para se adaptar às diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE) termina no fim de 2022. Ou seja, é necessário iniciar o primeiro semestre letivo do próximo ano com a reserva de 10% da carga horária de todos os cursos para atividades extensionistas.
Pelas regras do CNE, a curricularização da extensão exige intervenção na comunidade através de atividades vinculadas à formação do estudante. Nos cursos de educação a distância (EAD), as atividades devem ocorrer presencialmente. Entre as iniciativas possíveis estão projetos, cursos, oficinas, eventos e prestação de serviços.
“É necessário evidenciar todos esses pontos quando houver visitas do Ministério da Educação (MEC) na instituição”, lembrou Paz. “Mas o ponto principal é fazer com que a curricularização da extensão auxilie na aprendizagem dos alunos”, completou.
Atualmente, o problema é que existe um abismo entre as competências desenvolvidas na academia e as reais demandas do setor produtivo. Para se ter uma ideia, segundo uma pesquisa da consultoria Educa Insights, 70% dos gestores de IES acreditam que os alunos saem preparados para o mercado de trabalho, mas apenas 39% dos empregadores concordam com essa afirmação.
Para superar tamanho abismo, de acordo com Paz, é preciso entender o que as empresas esperam dos profissionais do futuro e qual perfil de egressos as instituições desejam formar. “Nessa equação, a curricularização da extensão pode ser o fator que une todas as pontas, formando alunos que aprendam a aprender e que consigam se desenvolver ao longo das suas carreiras”, disse.
Na prática, isso passa pela criação de projetos para a resolução de problemas reais, tornando as aulas presenciais mais significativas. Ainda entram na conta a promoção de ambientes criativos, a capacitação de professores, a adoção de currículos por competências e projetos, o uso da tecnologia e a adoção de novos processos de avaliação.
Os resultados da curricularização da extensão também aparecem em indicadores acadêmicos, como redução da evasão e aumento da empregabilidade. Além disso, ela pode gerar sustentabilidade financeira nas instituições de ensino superior.
Afinal, as disciplinas são os componentes mais caros na estrutura financeiras de cursos populares, como Engenharia, Ciências Contábeis e Administração: demandam 68% do total de investimentos da grade curricular. Já as atividades de extensão tomam apenas 10% do orçamento.
“Se a IES construir uma matriz curricular com a extensão como estratégia de desenvolvimento de competências, substituindo disciplinas, pode haver inclusive uma redução de custos”, destacou Paz.
Fonte: Desafios da Educação