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O crescimento acelerado de polos de ensino a distância pode reduzir a rentabilidade das empresas de educação. Os cursos on-line têm preços mais baixos que cursos presenciais. E o total de alunos que ingressam no ensino superior se mantém praticamente estável.

A consultoria Hoper Educação observa que há uma disputa acirrada por preços na área de ensino a distância. Há uma tendência de queda no preço médio desses cursos, com efeito na rentabilidade das companhias. De acordo com a consultoria, o preço médio das mensalidades caiu 9,5% em 2017, para R$ 279,00, ante R$ 308,20 em 2016. Paulo Presse, consultor da Hoper Educação, estima para este ano uma queda na mensalidade média entre 10% e 20%.

João Vianney, consultor da Hoper Educação e responsável pelo Blog do Enem, disse que as empresas têm oferecido descontos em mensalidades de até 50%, dependendo do curso. A Estácio, por exemplo, oferece até 50% de desconto em alguns cursos de graduação. A EAD Laureate tem bolsas de 20% e isenção na primeira mensalidade. A Unopar oferece mensalidade a R$ 59 em alguns cursos.

"As companhias estão focadas no menor preço e na localização. Isso não tem sustentabilidade no médio prazo. Haverá um emagrecimento das margens de lucro", afirmou Vianney.

O consultor estima que até 2019 haverá expansão de polos de ensino a distância e entrada de novos competidores, acirrando a disputa por preços. Em três anos, haverá uma nova consolidação no setor e polos menores tendem a desaparecer, na visão de Vianney.

No momento, a abertura de polos segue acelerada, após mudanças na legislação que favorece a abertura de unidades. A legislação entrou em vigor em maio de 2017. De junho a dezembro de 2017, o número de polos de ensino a distância no país aumentou 90%, passando de 7,1 mil para 13,2 mil.

A Kroton, maior competidora na categoria de ensino a distância com 1.110 polos em 2017, prevê abrir 200 polos neste ano, dos quais 100 já foram lançados.

Roberto Valério, vice-presidente de ensino a distância da Kroton, disse que a empresa tem investido na melhoria do material acadêmico e na oferta de cursos mais sofisticados, para fugir da briga por preços. A lista inclui cursos nas áreas de saúde e engenharia, como Enfermagem e Engenharia Mecânica. "Hoje, as empresas fazem promoção em uma cidade de dois ou 3 cursos para
atrair os estudantes. A Kroton acompanha essa movimentação e faz
movimentos cirúrgicos para manter-se competitiva", afirmou o executivo.

Já a Ser Educacional vê um acirramento na competição. "A disputa de preços se intensifica um pouco, mas deve ficar mais forte no segundo semestre, com competidores menores buscando atrair alunos com preços baixos", afirmou Jânio Diniz, presidente da Ser Educacional. O executivo considera que o pico da competição será em 2019. A Ser prevê abrir 200 polos de ensino a distância neste ano. A companhia possui atualmente 119 polos em operação.

A Unopar e a Anhanguera têm autorização para abrir 200 polos por ano. A Estácio tem autorização para abrir até 250 polos por ano.

Ao mesmo tempo em que o número de polos cresce, a quantidade de alunos matriculados no ensino superior se mantém praticamente estável. A Hoper estima que o total de alunos matriculados em 2017 tenha encolhido 2% e crescerá 2,7% em 2018. No caso das matrículas no ensino a distância, a Hoper estima que tenha havido crescimento de 2,1% em 2017 e, em 2018, haverá aumento de 8,1%.

"Como o ensino a distância oferece mensalidades mais baratas, esse formato atrai alunos que iriam para o ensino presencial, mas optam pelo ensino a distância pelo custo. Dessa forma, o estoque total de alunos do ensino superior está praticamente estagnado, com matrícula de calouros em queda no presencial e matrícula de calouros em alta na Educação a Distância", afirmou Vianney.

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