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Ser aprovada em cinco mestrados internacionais de quatro países é um feito incomum, mas a personalidade de Yasmine   Saito, formada em Fisioterapia pela Universidade Santa Cecília, explica a conquista. Aos 23 anos, ela tem metas definidas: quer auxiliar pessoas carentes e se fixar no exterior. Dos cinco mestrados em que foi aprovada, optou por estudar na University of Glasgow, na Escócia.

“Foi muito difícil decidir entre os cinco mestrados, todas são excelentes universidades, porém fiquei muito em dúvida entre duas: a Queen Mary University of London e a University of Glasgow. Mas eu já me decidi: Glasgow. Por razões profissionais e pessoais. Além de ser uma universidade renomada, está entre as 40 melhores do mundo na área que escolhi”.

Pesou na escolha o que ela define como um interesse especial pela Escócia e sua história, despertado pela leitura do livro Outlander, escrito por Diana Gabaldon (1991), e pelo seriado que passou na TV, com o mesmo nome. Yasmine gosta muito de ler romances. Cita também o escritor Dan Brown, autor de mega-seller O Código da Vinci.

 

Estratégia

Há também uma questão estratégica em optar por Mestrado em Saúde Global. “Apesar de eu ser fisioterapeuta e atuar na área cardiorrespiratória/hospitalar, antes de tudo sou alguém que gosta de ajudar as pessoas ao meu redor. A atuação da fisioterapia lá fora é um pouco diferente da que existe no Brasil, principalmente na minha área, pois é mais voltada para a clínica/ambulatórios. Em alguns lugares (da Europa), o papel do fisioterapeuta na área respiratória/hospitalar, muitas vezes é atribuído a um outro profissional chamado terapeuta respiratório, também em um nível superior”.

“Então, se eu fosse estudar mestrado focado especificamente em fisioterapia, limitaria muito minha vida profissional no exterior. E como eu sonho em construir minha vida fora do Brasil, decidi escolher uma área da qual eu gosto e que me dará perspectivas lá”.

O mestrado em Saúde Global na Universidade de Glasgow é focado em migração, como é a saúde em diferentes culturas e populações, sob o ponto de vista dos imigrantes e emigrantes.

Afirma que o Brasil está bem avançado nessa especialidade, mas é o momento de se aprofundar em outras, como Saúde Global. Quer abrir portas para outras visões. “Penso em fazer trabalhos voluntários internacionais temporários, mas isso é um plano futuro”.

A opção pela Escócia também atende à  sua preferência pelo frio. “Posso dizer com certeza, pois morei em Wisconsin e lá no inverno (a temperatura) chegava a -31ºC, então,  eu realmente conheço o frio”.

As outras universidades em que foi aprovada foram Oxford Brookes (Inglaterra); Maastricht University (Holanda) e La Trobe University (Austrália).

Yasmine não esperava tantas aprovações para o mestrado, ainda mais na primeira tentativa. “Me inscrevi em várias universidades, a fim de ter alguma chance. Quando eu recebi a primeira aprovação, e depois as demais, foi uma mistura de surpresa e realização. Obviamente pensei: agora ficou difícil escolher”.

 

Trabalho em UTI

Fisioterapia Cardiorrespiratória foi o tema de sua especialização no Instituto do Coração (InCor), onde trabalhou de março de 2017 até o fim deste mês. Foi um dos cursos em que passou com destaque assim que se graduou na Unisanta, em 2016.

A ideia para essa especialização nasceu antes de entrar na faculdade. “Eu vi uma prima na UTI, sendo atendida por fisioterapeutas e senti a importância dessa profissão”. Na UTI do InCor, ela foi encarregada da manutenção do sistema respiratório dos pacientes, para manter íntegros os pulmões, livres de infecção, bem como manter a força muscular das pessoas que muitas vezes ficam acamadas por períodos longos.

Em 2017,  passou no programa de aprimoramento em Fisioterapia Cardiorrespiratória do InCor – HCFMUSP. “Um ano é a duração da pós, assim,  eu decidi ficar e me aprimorar, mas eu já estava determinada a me preparar para o mestrado no ano seguinte (no caso, este ano)”.

 

Carta de motivação

“Comecei a juntar todos os documentos necessários para a inscrição, como traduções juramentadas do diploma, histórico acadêmico, declarações, cartas de recomendação, e a meu ver, o principal: carta de motivação”, diz Yasmine. “Não é fácil escrever uma carta de motivação, pois você deve mostrar o que o seu sonho irá mudar na sua vida e na vida dos que estarão ao seu redor, qual o impacto desse seu sonho de estudar fora na sua profissão, nas suas ações, etc. “.

Também é necessário se preparar para o teste de proficiência na língua (no caso de Yasmine, o inglês), mas depende muito do país onde se irá estudar. Com esses documentos juntos, fica fácil e é hora de enviar os applications (currículos) para as universidades escolhidas.

Mas não é sempre que se recebe um sim, como diz Yasmine. Quando se inscreveu para o curso de aprimoramento no Brasil, além do InCor, ela se se candidatou para o IAMSPE e USP-RP.

“Como já tinha passado no InCor, acabei nem fazendo a 2ª fase do IAMSPE, e no de Ribeirão Preto fiquei em 10º na 2ª fase, e eram apenas 6 vagas. Fiquei bem chateada pelo fato de eu me cobrar muito, mas é aí que aprendemos que não é sempre que recebemos o sim, e seguimos vivendo, nos esforçando mais e mais, procurando os erros e aprendendo. Hoje, vejo que o InCor me ensinou muito.  mais do que eu poderia imaginar, porque sempre, por mais que você estude, por mais que você faça, sempre tem algo a mais para aprender, corrigir, errar e acertar. E tudo é assim na vida”.

 

Trabalho precoce no exterior

Com 16 anos, Yasmine fez seu primeiro intercâmbio e depois não parou mais. Sempre que tinha férias da faculdade, procurava estudar ou trabalhar no exterior.

“Hoje, quando eu olho para trás, lembro o que eu já vivi. Fui aos 16 anos sem conhecer ninguém, sem saber falar inglês direito. Percebo que era uma situação em que fui obrigada a crescer, a me virar sozinha”. Lembra o quanto foram importantes as experiências e os desafios de seu trabalho na Disney, como organizadora de grupos de turistas. “Isso não tem preço. Só tenho a agradecer meus pais por sempre me apoiarem. Então, (viver no exterior) é sim, um projeto antigo!”.

Seu primeiro trabalho foi no parque Animal Kingdom, na Disney, junto ao carrinho de sorvete, servindo como intérprete e organizando o atendimento. Ela atendeu grupos de brasileiros e até de japoneses.

Morou durante algum tempo nos Estados Unidos, com “pais americanos”, em Wisconsin. Faz questão de mostrar as fotos de seus pais no exterior: Brandi e Dick Norquist.

A amizade dura até hoje, inclusive recebeu os “pais” em sua residência no Brasil.

 

Importância da Unisanta

Nascida em São Paulo, mas criada em Santos, Yasmine Saito afirma que a Unisanta foi seu ponto de partida:

“Foi meu lar do conhecimento, a base da bagagem de experiências que comecei a carregar, e sem isso eu não teria conquistado tudo o que conquistei até agora.  Cada um dos professores carrega um conhecimento que faz parte de mim agora, e devo muito disso a todos eles”.

Menciona as professoras Flávia Caseri, “que me fez amar ainda mais a fisioterapia cardiorrespiratória; Laura Taguchi, minha orientadora maravilhosa, que teve tanta paciência comigo e me apoiou tanto nos meus desesperos. Também não tenho palavras para agradecê-la pelas cartas de recomendações (sem isso certamente não teria conseguido as aprovações); Sheila Borges, que é de um conhecimento que nem sabia que cabia em um ser humano, sempre com tanta paciência para explicar, principalmente estatística.

Cita ainda o diretor da Faculdade de Fisioterapia, Dr. Ivan Cheida, “que sempre me acolheu e me enriqueceu com seu conhecimento único”.

 

Apoio dos pais

“É importante ressaltar que o apoio dos meus pais foi imprescindível na minha caminhada. Muitos me perguntam como eu consigo ir e deixá-los aqui. Mas fui criada por duas pessoas com mentes muito abertas nesse ponto, que sempre me falaram: criamos você para o mundo, não para a gente, pois o mundo está aí à  sua espera e nós sempre estaremos aqui te resguardando, mas voe alto filha porque a vida é uma só, e ela não espera”.

“Não importa aonde eu vou, eu sempre tenho a certeza que meus pais estão sempre comigo. Como ouvi um dia dizer e eu sempre digo, ‘lar é onde o nosso coração está, e o meu está sempre querendo vagar por desafios e experiências novas, ajudando sempre que eu posso`

Lembrando que,  apesar do apoio deles, sempre me esforcei muito para atingir minhas metas, meus pais nunca me deram nada só porque eu pedia, eu precisava mostrar resultado.

“O esforço e a determinação de cada um nas metas, objetivos e sonhos são importantes. Sair da zona de conforto nem sempre é uma tarefa fácil, por isso, quando eu preciso dar um passo à frente, costumo não parar para pensar, porque, se eu pensar duas vezes,  talvez não faça, e precisamos fazer para acontecer não é?”

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