Os calouros que não iniciarem as aulas até sexta-feira podem perder todo o primeiro semestre. Isso porque o estudante precisa ter 75% de presença no curso para que o período letivo seja considerado válido. Para driblar a situação, algumas faculdades estão aceitando alunos sem pagamento de mensalidade até conseguirem contratar o Fies. Outras estão esperando a aprovação do contrato do financiamento para efetivar a matrícula. Neste último caso, algumas faculdades dão aulas de reposição. Há ainda alunos pagando a mensalidade do próprio bolso na expectativa de conseguir o financiamento, mas esse grupo é minoria.
O MEC informou que os casos de alunos ingressantes que não se matricularem até sexta-feira "são tratados pela Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento (CPSA) da instituição, evitando com isso o prejuízo da perda da vaga pelo candidato". Essa comissão é responsável pelo processo de contratação do Fies e não trata de questões acadêmicas.
A lista com o nome dos estudantes contemplados com o financiamento foi publicada na sexta-feira, mas os estudantes enfrentam problemas de diferentes naturezas. Entre eles, estão erros no valor das mensalidades, emissão de boleto vencido, formulários com ausência de dados para preenchimento e cobrança de taxa de juros de 6,5% – percentual do antigo do Fies. No programa atual, não há juros.
Ainda de acordo com fontes, muitos alunos estão desistindo do Fies porque ao conseguirem acessar o sistema, são surpreendidos com a cobrança das parcelas do financiamento dos meses de janeiro e fevereiro que precisam ser quitadas à vista. "São alunos pobres e a maior parte não tem condições para pagar essas parcelas. Antes, as escolas é que gerenciavam essa cobrança e parcelavam. Agora, está com o governo e o boleto é emitido automaticamente para o aluno pagar", diz Elizabeth Guedes, vice-presidente da Associação Nacional das Universidades Privadas (Anup). A modalidade Fies 1 é voltada a alunos com renda per capita mensal familiar de até três salários mínimos. O governo disponibilizou 80 mil vagas no Fies 1.
"Temos recebido muitas reclamações de instituições de ensino superior associadas sobre dificuldades, apesar de o MEC ter anunciado que o novo Fies simplificaria essas questões", disse Rodrigo Capelato, diretor do Semesp, sindicato do setor. "Os alunos estão concluindo as inscrições e pressionando as instituições. Advogados de alunos estão entrando com mandado de segurança", acrescentou.
Outro problema que está afetando o setor diz respeito aos pagamentos das vagas remanescentes de Fies do segundo semestre de 2017. As faculdades que não aderiram ao novo Fies ainda não receberam o pagamento desses contratos. O MEC alega que alunos e faculdades foram informados que não haveria repasses neste caso.