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A oferta de ensino superior no Brasil é relativamente nova se comparada com outros países da América Hispânica que criaram suas universidades ainda no século XVI, como são os casos de São Domingos (1538); Peru (1551) e México (1553). Como a coroa portuguesa não tinha interesse no desenvolvimento industrial e intelectual do Brasil porque se tratava de uma colônia de exploração de comodities, a oferta de ensino superior só chegou ao país em 1808, com a chegada da Família Real portuguesa.

Aos poucos foram surgindo cursos isolados em cidades importantes da época como Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e outras. Os cursos atendiam as áreas de Medicina, Direito, Engenharia, Agricultura, Formação Militar, Pintura e Escultura. Com a conquista da República, em 1889, houve um aumento considerável de instituições de ensino superior.

Nas primeiras décadas do século XX aconteceram fusões de faculdades isoladas permitindo, então, a criação das primeiras experiências de universidade no Brasil. A partir da década de 1930 surgiram as universidades como se conhece hoje com ensino, pesquisa e extensão como foi o caso da Universidade de São Paulo (USP) fundada em 1934.

Ao longo das décadas seguintes o ensino superior ganhou muita força no Brasil tanto o publico como o privado. Foram criados os mestrados e doutorados e novas modalidades de cursos apareceram. O ensino superior chegou a quase todos os municípios do país. Mesmo nas menores cidades tem um polo de educação à distância ofertando uma imensa gama de cursos.

Dados do Censo da Educação Superior de 2017 informam que o Brasil disponibiliza 10.779,086 vagas no ensino superior. Até 2014 registrava-se crescimento de matrículas no ensino superior nacional, mas, nos últimos cinco anos, infelizmente, verifica-se uma queda acentuada no núnnero de alunos que procuram essa etapa educacional. Quase a metade (49%) das vagas ofertadas pelo ensino superior não estão sendo preenchidas.

Como vamos disputar os mercados econômicos do mundo se parte muito expressiva da nossa juventude está fora do ensino superior? As nações que comandam a inovação e a pesquisa de ponta do mundo investiram maciçamente na educação do seu povo. Colocaram os jovens nas universidades para aprenderem gestão e inovação tecnológica estratégia muito diferente da nossa.

É constrangedor sabermos que 82% dos nossos jovens entre 18 e 24 anos estão fora do ensino superior. Aliás, em função dessa realidade o Estado definiu que o Plano Nacional de Educação deveria, até 2024, elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta. Essa é mais uma meta que teremos imensa dificuldade de cumprir.

O quadro é difícil, entretanto, acredito ser possível colocarmos a expressiva maioria dos nossos jovens no ensino superior em pouco tempo. Essa é uma decisão política da nação. Para isso, precisamos ampliar o sistema de ensino por meio das tecnologias modernas de comunicação cuja expressão maior é a produção de conteúdo digital que deve ser usado à distância ou presencial.

O Brasil pode e deve ter educação inovadora alicerçada em pesquisa aplicada em todas as fases do de ensino aprendizagem. Eu sonho em ver as universidades brasileiras trabalhando com o conceito de metacognição e integradas por meio de plataformas digitais ao processo produtivo das comunidades, da indústria, dos serviços e do agronegócio.

Por Pedro Chaves, economista, educador e ex-Senador da República

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