Apesar do expressivo crescimento no número de alunos matriculados em cursos on-line no últimos anos, um movimento que se acentuou durante a pandemia, há um excesso de polos de ensino a distância no país e muitos deles não são rentáveis. “Esse mercado está saturado”, disse Paulo Presse, da Hoper Educação.
Estima-se que haja 27 mil polos cadastrados no MEC, sendo que aproximadamente 50% deles estão ativos. Mesmo considerando somente essa metade, a conta não fecha. Isso porque cada unidade usada para aulas práticas e provas precisa ter cerca de 300 matriculados para ser rentável. Considerando, hipoteticamente, que cada um dos 13 mil polos ativos tenha esse volume de alunos haveria no mercado quase 4 milhões de matriculados em cursos EAD. Mas hoje a estimativa é de cerca de 3 milhões de estudantes de cursos on-line. Trocando em miúdos há muitos polos operando de forma deficitária.
Essas unidades, em geral, são de empreendedores que arcam com os custos da abertura da unidade e recebem cerca de 30% das mensalidades cobradas pelas instituições de ensino como remuneração. Mas, há casos, em que esse percentual é maior e o ganho adicional está atrelado a metas de desempenho como retenção de alunos. Mais do que captar calouros, o grande desafio é manter os estudantes matriculados. A taxa de evasão de cursos on-line é de 50% nos dois primeiros anos. É comum os alunos terem dificuldades de se adaptar ao modelo, que muitas vezes é uma transposição do conteúdo presencial para um PDF apresentado no computador. “Os grupos maiores ajudam nas estratégias comercial e marketing, mantém um padrão nos polos, como uma franquia. Mas ainda há muitos polos em sobreloja, pouco profissionalizados”, disse Presse.
Até 2019, esse mercado de polos gerava ganhos interessantes porque esse era um segmento escasso, eram cerca de 10 mil unidades. Por cerca de dez anos, entre 2008 e 2017, o MEC não permitia a abertura de novos polos por conta de um crescimento desenfreado no começo dos anos 2000. Em 2008, o MEC fechou 1,3 mil polos por falta de qualidade e infraestrutura. Entre os grupos que apresentavam problemas estavam Unopar, Uniasselvi, Fael, Unitins, entre outros.
Em 2017, o MEC voltou a liberar abertura de polos conforme o registro e nota de cada instituição. As instituições de ensino podem abrir entre 50 a 250 polos, por ano.
Fonte: Valor Econômico