Hoje apresentamos mais uma entrevista com novos parlamentares, que tomaram posse no dia primeiro de fevereiro. Agora é a vez de Sâmia Bomfim, deputada do PSOL, eleita pelo estado de São Paulo. Uma de suas principais bandeiras é a educação. Saiba um pouco mais sobre os projetos que ela defende e o que esperar de sua atuação no Congresso Nacional
Anup: Deputada nos fale sobre suas propostas para a educação:
SB: A temática da educação é uma das mais importantes para atuação de qualquer parlamentar porque ela diz respeito a garantia de um dos direitos mais básicos, garantia inclusive da construção de um futuro, de um projeto de desenvolvimento de país.
Eu defendo em primeiro lugar o aumento do piso salarial dos professores, principalmente da educação básica, porque na verdade, eu acho que as más condições de trabalho e os baixos salários explicam, em boa parte, a falta de qualidade, inclusive a falta de estímulo de alguns professores e alunos.
Eu também defendo mais verbas para a educação, porque eu acho que não dá para falar de uma garantia de educação de qualidade, sem que exista investimento de fato. E nesse sentindo a gente pauta a revogação da PEC 55, que é aquela que congela o investimento por 20 anos nas áreas sociais. Para além disso, uma educação que seja libertadora, que respeite a diversidade, os direitos humanos, o debate de gêneros e tantos temas que aparentemente são polêmicos, mas que na realidade são essenciais para se ter uma educação de qualidade.
Anup: Como a deputada vê a questão do financiamento estudantil hoje?
SB: Eu vejo com muita preocupação alguns anúncios diretos ou indiretos do governo que pode ter uma redução, tanto no sentido de financiamento para os estudantes, mas também de acesso ao ensino superior, porque nos últimos anos nós tivemos um avanço importante. Camadas populares entraram na universidade, trabalhadores e filhos de trabalhadores, se a gente tiver um retrocesso nessa área significa perder direitos e perder possibilidades de inclusão no mercado de trabalho e de inclusão social e econômica. Por isso eu acho que eles precisam ser mantidos. Mas, claro, sempre garantido também que exista a mesma verba para a educação pública, para que tenha uma garantia de equiparação, tanto do ensino superior privado, mas principalmente do ensino público.
Anup: qual sua posição em relação a educação a distância?
SB: Eu acredito que a educação a distância não pode substituir o ensino presencial, porque o estudo presencial tem características que são somente dele, como a possibilidade de desenvolvimento pedagógico, de construção de conhecimento, de troca de saberes. O ensino a distância deve servir como um complemento àquela educação básica necessária tanto no ensino básico, como no ensino superior, para colocar novas informações, para desenvolver novas habilidades. Se for nessa discussão, acho que ela pode servir como uma ferramenta importante.
Anup: e sua posição sobre a Escola Sem Partido?
SB: Eu sou completamente contra o projeto Escola Sem Partido. Acho que não tem nenhum cabimento pedagógico, nenhum cabimento do ponto de vista da qualidade da educação. Para mim é um projeto obscurantista que visa tentar calar a voz do professor e do estudante. E quando você coloca qualquer “senão” na educação, no processo de aprendizagem, você, na verdade, interrompe ela. E para mim educação não se trata somente do ABC, ou de aprender a somar, a contar, a multiplicar. Se trata de uma formação, um preparo para a vida, para a intervenção na sociedade, e o Escola Sem Partido está na contramão de tudo isso. Se tiver uma oportunidade de ter uma comissão especial sobre o projeto Escola Sem Partido, eu quero fazer parte disso, estar junto com a bancada de outros deputados que eu sei que também são contrários. É um dos temas mais importantes a ser debatido durante esse ano.
Anup: Para finalizar, o que a sociedade pode esperar do seu primeito mandato?
SB: Olha, seu eu puder, ainda estamos em discussão na nossa bancada, eu vou ser parte da Comissão de Educação porque eu pretendo desenvolver muitos projetos para os professores e para os estudantes, porque tem a ver um pouco com o trabalho que eu já desenvolvia como vereadora na cidade de São Paulo. Eu sou formada como professora, muitas pessoas que estão na minha base social são estudantes, são professores do ensino básico e do ensino superior. Eu acho que aqui dentro do Congresso eu poderia vocalizar um pouco das demandas que eles apresentam lá em São Paulo.