Professores e gestores compartilham as próprias visões de futuro para a educação superior. O que há no horizonte? Ensino híbrido, é claro.
O Brasil é um país onde sete em cada dez alunos do ensino superior estão matriculados em graduações presenciais. São cursos de uma modalidade dominante, que segue firme e forte mesmo com o avanço crescente da educação a distância. Mas até quando?
Por pouco tempo, provavelmente.
Duas razões justificam a hipótese. A primeira é que, desde a portaria 2.117/2019, os cursos presenciais podem ofertar até 40% da carga horária a distância. A segunda razão, mais óbvia, é a atual pandemia, que confirmou a viabilidade do estudo remoto e da virtualização de diversas disciplinas.
Além do mais, uma resolução do CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovada em outubro estendeu a permissão de atividades remotas para o ensino superior até o fim de 2021. A carga horária (que pode ser acima de 40%, durante o período excepcional) fica a critério de cada IES.
Na prática, todas essas mudanças pavimentam o caminho para consolidar o ensino híbrido nos centros universitários. A questão é que do ponto de vista regulatório existem apenas duas modalidades de credenciamento institucional: ensino presencial e ensino a distância.
Atualmente, os cursos híbridos oferecidos no Brasil geralmente estão credenciados como EAD no Ministério da Educação. Mas o setor está se mexendo para mudar esse cenário. Quem afirma é Sólon Caldas, diretor executivo da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior).
Setor se reúne com MEC e CNE
Segundo Caldas, representantes do setor têm se reunido com integrantes do MEC e do CNE para debater uma possível regulação do ensino híbrido como modalidade em faculdades, institutos, centro universitários e universidades.
Também conhecido por blended learning, o ensino híbrido integra o modelo presencial com o aprendizado remoto através do uso de tecnologias e metodologias ativas. Não se trata da mera transmissão online de aulas.
O ensino híbrido é uma modalidade planejada e que carrega diversas vantagens. Além de ter um custo menor do que o presencial, promove maior engajamento e aumenta a aprendizagem – comparado tanto com o modelo 100% EAD quanto com o presencial, tradicional e expositivo.
“Não há nenhuma formalização por enquanto, mas tivemos muitas conversas nessa linha [de regular o ensino híbrido]. Essa é uma discussão que precisa ser ampliada e bem feita, afinal estamos falando da regulação de uma modalidade de educação”, explica Sólon Caldas ao Desafios da Educação.
A única certeza, segundo ele, é que uma mudança oficial precisa acontecer. “Espero que, quando a pandemia acabar, a regulamentação do ensino híbrido seja real e prática. Não podemos voltar à ‘normalidade’. Vamos retroceder dois anos?”, questiona o diretor executivo da Abmes. Ele mesmo responde: “É claro que não”.
Fonte: Desafios da Educação