O Brasil sofre um atraso educacional que há anos se arrasta e não encontra solução. Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) apontam que metade dos estudantes brasileiros não entendem o que leem e, menos ainda, sabem fazer contas simples. Sem contar que 40% dos jovens com graduação não têm emprego qualificado.
Muitas vezes, eles querem apenas encontrar o seu espaço no mundo e isso não pode ser relacionado a uma lição de casa ou uma nota do histórico escolar.
Mais do que nunca, é importante debater o que entregamos como sociedade para os jovens seguirem uma jornada de aprendizados para a vida.
Se não temos nem acesso ao básico, como podemos desenvolver habilidades para o crescimento individual de cada um? Quando falo básico, não falo apenas do conteúdo da escola, mas das informações importantes que nos ajudariam a entender e viver melhor em sociedade.
No Brasil, passamos por um atraso de aprendizado referente à vida em sociedade, como, por exemplo, aprender a calcular o imposto de renda ou a se comportar em uma entrevista de emprego. Fora isso, podemos citar a falta de incentivo para aprender habilidades, que vão além do que é ensinado na escola ou na faculdade, como tocar um instrumento musical ou praticar algum esporte.
Para compensar esse atraso sobre a forma que desenvolvemos o ensino na educação brasileira, é essencial discutir a respeito de como adotar um processo justo e de qualidade, que permita aos jovens chegarem ao mar de oportunidades que existem ao redor do mundo.
Uma das chaves para diminuir essa desigualdade é trabalhar a educação como prioridade, indo além do que está disponível nos livros didáticos. É preciso ensinar sobre finanças, empreendedorismo, soft e hard skills. Também é necessário educar os jovens brasileiros a se desenvolverem. O ensino vai além do conhecimento técnico na área escolhida como profissão.
E este tipo de ensino não é algo incomum para a sociedade, inclusive é um modelo adotado em várias nações ao redor do mundo. A maioria das instituições de ensino fora do Brasil não querem saber o que você tem para oferecer com seu conhecimento acadêmico, elas querem conhecer suas paixões, hobbies, dificuldades e, principalmente, entender a sua realidade. A exemplo da educação dos Estados Unidos, que é considerada a 13ª melhor educação do mundo pelo PISA, os institutos querem saber o que você pode oferecer para além das suas notas escolares, pois procuram entender o que você sonha e qual é o seu potencial de transformar o mundo. Eles buscam jovens que queiram fazer a diferença no mundo, que movimentam pesquisas, projetos e, especialmente, os seus próprios sonhos. Desta forma, fogem à regra de um sistema de notas programadas.
Precisamos entregar mecanismos para estimular o conhecimento, com oportunidade de crescimento para os brasileiros e direcioná-los para uma trilha de aprendizagem rumo aos seus sonhos, pois só assim poderemos entender quais são as verdadeiras dificuldades e oportunidades para se dar bem na vida.
A urgência de saber se comunicar, ter boas relações e conseguir ter uma mente aberta para o aprendizado é, no mínimo, uma forma de começar a abrir as portas que permanecem fechadas para a nossa juventude. Mais do que nunca, é preciso reunir outras habilidades que não cabem em um currículo vitae. Já passou da hora de valorizarmos o conhecimento que vai muito além de uma sala de aula.
*Matheus Tomoto é especialista em educação, conhecido por ter passado por Harvard, Stanford, Oxford e MIT, fundador da Universidade do Intercâmbio, Ocean Academy e Tentacle, e também cria e oferece de maneira acessível conteúdos sobre oportunidades educacionais e profissionais em suas redes sociais
Fonte: Estadão Online