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Os cinco grupos de ensino superior com capital aberto na B3 – Ânima, Cogna/Kroton, Cruzeiro do Sul, Ser Educacional e Yduqs – aumentaram, no vestibular do começo deste ano, o volume de novas matrículas ou, na pior das hipóteses, ficaram no mesmo patamar do vestibular de verão de 2020, quando ainda não havia pandemia. Esse quadro é resultado de aquisições e, novamente, uma forte expansão do ensino a distância.

Com isso, a base total de alunos desses grupos, que juntos possuem 2,3 milhões de alunos, ou cerca de 35% do mercado privado, ficou entre estável e crescimento de até 22,7%, quando comparado ao mesmo período de 2020.

Atualmente, nesses cinco grupos há 1,4 milhão de alunos matriculados em cursos on-line e cerca de 800 mil na graduação presencial. No setor como um todo, a proporção se inverte: 65% dos universitários estão no presencial e 35% no digital, conforme censo do Ministério da Educação (MEC), de 2019, último dado disponível.

A demanda dos calouros pelos cursos presenciais voltou a cair até 40%. A redução só não foi mais forte por conta das aquisições concluídas em 2020. A única que não adquiriu ativos neste período foi a Kroton, empresa de ensino superior da Cogna, cuja captação de novos alunos de cursos presenciais foi 40% menor. Na Yduqs, considerando-se o desempenho orgânico, a queda foi a mesma, mas incluindo a compra da Adtalem (dona do Ibmec), a baixa foi de 30%.

A procura pelos cursos presenciais, que têm mensalidade cerca de três vezes maior em relação ao on-line, foi impactada pela crise econômica, que levou muitos jovens ao desemprego, e pelo isolamento social. Alunos postergaram o ingresso no ensino superior ou migraram para o formato digital. A forte redução do Fies (programa de financiamento estudantil do governo federal), que ocorre desde 2015, também não ajuda.

Os resultados financeiros do primeiro trimestre variaram bastante. A Ânima, que tem praticamente todo o seu negócio em cursos presenciais, obteve a melhor margem do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), que ficou em 35,2%, estável quando comparado ao mesmo período do ano passado. A partir de agora, com a conclusão da compra da Laureate Brasil, a Ânima volta a trabalhar no segmento de cursos 100% on-line, uma vez que a empresa adquirida já operava nessa área. Há cerca de quatro anos, a Ânima deixou de oferecer cursos on-line por não acreditar na possibilidade de oferecer cursos de qualidade com custos tão baixos. O tíquete médio de um curso on-line é de R$ 200.

Outro destaque do setor, no primeiro trimestre, foi o aumento de 9,3 pontos percentuais na margem Ebitda da Kroton, principalmente, considerando-se os desempenhos negativos deste indicador nos últimos anos.

Também chamou atenção o crescimento de novas matrículas do ensino on-line da Ser Educacional, que aumentou 209%, e fez a base total de alunos ter uma expansão de 22,7% – a maior do setor. “Essa alta é fruto das mudanças que promovemos nos nossos produtos on-line. O aluno pode terminar o curso em 18, 24 meses. Faz no tempo dele, pode fazer aulas nas férias, mais carga horária por dia. E, isso tem atraído muitos estudantes”, disse Jânyo Diniz, presidente da Ser Educacional.

Segundo Daniel Infante, sócio da consultoria Educa Insights, apesar de os grupos terem adotado novamente a política de concessão de descontos para atrair novos alunos, principalmente no final do processo seletivo, o volume de calouros que se matriculou com abatimento não foi grande. Um dos reflexos negativos de uma expansão forte em volume de alunos é uma possível inadimplência no futuro. Muitos alunos se matriculam atraídos por grandes descontos nas primeiras mensalidades e acabam não conseguindo pagar quando a instituição volta a cobrar a mensalidade cheia.

Fonte: Valor Econômico

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