A secretária-executiva do Ministério da Educação (MEC), Maria Helena Guimarães de Castro, pediu exoneração do cargo e deve ficar apenas até o fim da semana. Com a saída do ex-ministro Mendonça Filho (DEM-PE) no mês passado, esperava-se que ela fosse promovida a ministra, o que não ocorreu.
Maria Helena é um dos nomes mais expressivos do PSDB na educação, foi secretária-executiva no MEC e presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) no governo Fernando Henrique Cardoso e secretária estadual da pasta no governo de José Serra. O governo de Michel Temer preferiu escolher como ministro o ex-secretário de educação básica do MEC, Rossieli Soares da Silva, que tem perfil mais técnico. A saída de Maria Helena consolida o afastamento do PSDB do governo federal.
“Não fazia mais sentido continuar”, disse ela ao Estado. Maria Helena ficou cerca de um mês ainda no governo depois da saída de Mendonça para fazer a transição para o novo ministro. Internamente, sabe-se que era ela a responsável pelas políticas no ministério.
Durante sua gestão, que começou em maio de 2016, o governo editou medida provisória sobre a reforma do ensino médio e aprovou a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino fundamental – documento inédito que prevê os objetivos de aprendizagem em cada ano escolar, que vinha sendo discutido desde o governo Dilma Rousseff. A equipe de Maria Helena finalizou também a parte do ensino médio da BNCC, que passa ainda por discussões no Conselho Nacional de Educação (CNE).
Maria Helena é socióloga e professora aposentada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Durante o governo FHC, foi responsável – com o ex-ministro Paulo Renato Souza – pela implementação das políticas de avaliação no País, como a reorganização do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e a criação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Outro nome ligado ao PSBD no MEC, Maria Inês Fini, que é presidente do Inep e amiga de Maria Helena, deve continuar no cargo. O Inep é uma autarquia do ministério responsável pelas avaliações, entre elas o Enem.
Maria Helena nega que sua saída tenha ligação com o PSDB. “O presidente sempre me apoiou, mandou-me uma carta de agradecimento muito bonita e justa. Não tenho reclamação nenhuma dele e nem do ministro Mendonça”. Ela diz que sai tranquila porque conseguiu fazer as políticas que pretendia no ministério.
Vai voltar para Campinas e atuar como consultora. “A sensação que eu estou é de que terminou um ciclo da minha vida, não tenho interesse mais de trabalhar em governo.” Maria Helena também não está participando da elaboração do programa de educação do candidato a presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin.