O coordenador de curso de ensino superior precisa ser um profissional dinâmico. Responsável pelo projeto pedagógico, ele acumula funções administrativas, especialmente na captação de alunos. São tarefas que exigem alguém capaz de resguardar a identidade da instituição sem deixar de lado as especificidades da sua área.
As especificidades da área abrem espaço para variações de perfil. Por exemplo, graduações ligadas à comunicação e à criatividade – Publicidade, Design, Marketing e Jornalismo – exigem pessoas arrojadas e antenadas em inovação. Já Direito e Administração carecem de outro rol de competências, incluindo certa formalidade.
Dominar a linguagem e o comportamento do seu ramo do conhecimento é fundamental. Mas não basta. O coordenador deve estar atento à performance da área do curso no mercado, investigando alterações curriculares conectadas às demandas da sociedade – e que, portanto, atraiam mais candidatos.
O especialista em educação a distância da Plataforma A, Henrique Klein, resume o papel dos coordenadores de curso na captação de alunos: “É quem carrega e melhor representa a imagem do curso. Faz parte da condição de coordenação ser o maior interessado na busca de novos estudantes”.
Na prática, as atribuições do coordenador de curso na captação de alunos começam no processo de autorização junto Ministério da Educação (MEC). Esta etapa requer informações sobre o contexto no qual as vagas serão ofertadas, o que cabe ao coordenador identificar.
As características do local de atuação da instituição de ensino superior (IES) serão um dos alicerces do projeto pedagógico. E, no fim das contas, ajudarão a construir um perfil de egresso condizente com as necessidades sociais e do mercado de trabalho.
Não adianta formar centenas de engenheiros em uma cidade sem uma indústria pujante capaz de absorvê-los. Nesse exemplo, graduações em Engenharia não atrairiam alunos suficientes devido a distância entre a oferta e a vocação econômica da região.
“Entender e revisitar sempre que possível o perfil do egresso, trazendo suas características para o projeto pedagógico, é a principal missão do coordenador de curso”, afirma Klein, que foi coordenador de cursos de graduação e pós-graduação.
Por quatro anos, a professora Bárbara Amorim também coordenou a graduação e a pós-graduação, atuando em cursos de Administração e Processos Gerenciais da Unijorge, em Salvador (BA). Ela lembra que sair do campus é uma obrigação.
“É importante apresentar o curso e a profissão nas principais escolas de ensino médio da região, com foco naquelas onde está o público-alvo da instituição”, conta Amorim. “Buscar convênios com empresas que atuam em atividades relacionadas é outra maneira de conquistar bons resultados na atração de aluno”, completa.
Ou seja, a conexão entre a IES, sociedade e mercado tem que ser uma via de duas mãos. Nesta estrada, o coordenador leva a imagem e o conhecimento para além dos muros da universidade. Ao mesmo tempo, busca lá fora as principais tendências do momento.
O coordenador de curso não faz apenas a conexão da instituição com a sociedade. Internamente, ele funciona como um elo entre o núcleo acadêmico e o administrativo.
Nesse caso, o desafio é alinhar as ações de captação junto aos setores de marketing e comercial, posicionando competitivamente o curso no mercado. Isso passa por fazer com que esses departamentos conheçam o projeto pedagógico.
“O projeto pedagógico tem uma riqueza de informações que podem ser atreladas ao discurso de venda, entregando soluções e estratégias de captação muito mais eficientes”, defende Klein. “Fica mais fácil definir onde buscar alunos, como conversar com eles e quais diferenciais oferecer.”
A sinergia entre setores fica completa quando o coordenador está por dentro dos parâmetros comerciais. Entre eles, o público-alvo, metas de captação e retenção, preços e políticas de desconto e incentivo.
O ideal é que a ação conjunta continue durante os períodos de captação. O coordenador de curso pode ajudar, por exemplo, no desenvolvimento e adequação do conteúdo e linguagem em campanhas de marketing e vestibular.
Por fim, o olhar deve se manter atento aos discentes. “É necessário manter o foco na qualidade da experiência do estudante, pois alunos satisfeitos são agentes multiplicadores e balizadores da captação de novos alunos”, destaca Amorim.
Fonte: Desafios da Educação