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Durante sua participação no debate com jornalistas sobre a nova regulação para a Educação a Distância, promovido nesta terça, 16, pelo movimento #EaDinclui, a presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP), Elizabeth Guedes, reiterou a necessidade de que os cursos da modalidade sejam regulados, não proibidos.

Elizabeth enfatizou que não existem cursos 100% a distância no Brasil. Ela esclareceu que a modalidade EaD, atualmente, abrange uma variedade de atividades que exigem presencialidade, como extensão, estágio e laboratório.

“Falar em cursos 100% EaD no Brasil é um desserviço à informação objetiva e correta, como também uma torcida contra a Educação a Distância”, destacou a presidente da ANUP.

Além da representante da ANUP, o evento online contou com a participação do presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), João Mattar, o vice-presidente de Ensino EaD da Unicesumar, Janes Fidélis Tomelin, e o CEO da NumbersTalk, Luiz Alvares.

As apresentações abordaram perspectivas para a educação superior inclusiva e mitologias do ensino-aprendizagem e discutiram a qualificação do setor e a atual situação da Educação a Distância no Brasil. Também foi tratada a Consulta Pública do MEC e a EaD como modelo inclusivo, interativo e impulsionador da educação nacional.

Fidélis alertou que os cursos EaD possuem qualidade, pré-requisitos e regulação e os que não se adequam devem ser penalizados. Ele ressalta, porém, que o acesso à educação precisa ser preservado para não condenar o futuro de quem não teria a oportunidade de ter uma graduação de outra forma.

“A EaD é uma ferramenta habilitadora para o alcance dos brasileiros ao Ensino Superior. Apesar do desafio de atender a uma nação continental como o Brasil, a modalidade tem desempenhado um papel fundamental ao atender às demandas do interior do país”, ressaltou o vice-presidente de Ensino EaD da Unicesumar.

Elizabeth alegou que os órgãos que definem as políticas públicas para a Educação brasileira, infelizmente, ainda desconhecem a realidade da EaD. Um exemplo disso é o alarde que se faz quanto ao número de vagas ofertadas em cursos dessa modalidade.

Segundo a presidente da ANUP, o conceito de vagas nem sequer deveria existir no âmbito da EaD. Por outro lado, ela alertou que o foco deveria estar na desregulamentação desenfreada, que resultou na criação de polos em condições inadequadas e sem fiscalização efetiva, além de uma concorrência desleal por valor de mensalidades.

“O MEC não visita mais os polos. Isso permite com que sejam cadastradas unidades em cemitérios, casebres, no meio da rua e em postos de gasolina, por exemplo. Uma covardia com o futuro da educação”, ressaltou.

Ela também expressou preocupação com a qualidade dos cursos de baixíssimo valor atribuído, e destacou que a proibição desenfreada dos cursos EaD prejudica os alunos economicamente vulneráveis.

“É óbvio que não é possível entregar qualidade num curso que custa quarenta reais, mas isso é culpa da desregulamentação e não da iniciativa privada. Os alunos da EaD serão as grandes vítimas dessa encenação feita pelo MEC, pois são os mais pobres, os que moram em municípios onde, em mais de mil casos, a oferta da EaD é a única alternativa”, alertou.

“Nossa proposta não é defender um curso 100% EaD, mas entregar conteúdo por meio de plataformas de tecnologia que vão de acordo com as diretrizes curriculares”, frisou Elizabeth.

Em sua exposição, Luiz Alvares refletiu sobre a abordagem que leva em conta somente o fator legislativo para resolver questões educacionais no Brasil. Para ele, a ênfase deveria estar na busca por soluções que considerem variáveis como localidade, modalidade e perfil do aluno.

“O processo educativo depende, ou deveria depender, de avaliação e feedback, algo muito mais inteligente e que agrega muito mais do que a mera discussão entre proibir ou não”, sugeriu.

Ao abordar o potencial da EaD, o presidente da ABED destacou a natureza interativa da modalidade em comparação com o ensino presencial. Ele observa que o atual sistema estabelece uma dicotomia entre ensino presencial e a distância, sugerindo que esse paradigma é limitado.

“O potencial da educação a distância é de ser muito mais interativa que a educação presencial. Eu começo a ter uma hipótese de que esse nosso sistema legal dualista nos cegou muito, porque a verdade é que não existe curso 100% a distância, assim como não existe curso totalmente presencial”, refletiu Mattar.

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