A presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP), Elizabeth Guedes, participou, nesta quarta-feira (16/6), de Audiência Pública Virtual da Comissão Externa de acompanhamento dos trabalhos do Ministério da Educação (MEC), na Câmara dos Deputados, sobre “O futuro das avaliações da educação: ENEM e Saeb em 2021″.
Junto com Paulo Afonso Burmann, representante da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) e reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Ricardo Henriques, superintendente Executivo do Instituto Unibanco e André Ribeiro Porciúncula, defensor Nacional de Direitos Humanos da Defensoria Pública da União, Elizabeth Guedes falou sobre os problemas na aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em 2020, dos desafios para a realização do ENEM 2021 e da necessidade de revisão dos aspecto de democratização e de igualdade da prova.
Para a presidente da ANUP, o calendário acadêmico do ENEM é sempre muito ruim e o impacto do Enem 2020 sobre o setor privado foi trágico, já que a nota do ENEM é o que permite o ingresso dos alunos do PROUNI e do FIES nas instituições particulares.
Além da questão das datas, a aplicação das provas, em 2020, em plena pandemia de COVID-19, exigiu uma mobilização muito grande para seguir os protocolos sanitários e evitar aglomerações. Para ela, a insegurança e o medo fizeram com que o absenteísmo batesse recordes na última edição do ENEM. “Não havia nenhuma segurança em relação ao que o governo estava oferecendo. Isso mexe com a cabeça das pessoas e traz uma insegurança enorme”, ponderou.
“O Enem tomou uma proporção muito grande. Para uma prova desse tamanho ser aplicada em novembro, toda a operacionalização deveria estar pronta em março, para evitar os problemas de última hora que aparecem”, explicou Elizabeth, ressaltando que esse ano deverá haver problema na aplicação novamente.
Ainda assim, ela destacou a competência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). “O INEP é absolutamente profissional. Mesmo que mude toda a diretoria, o corpo técnico e a base de dados continuam lá. Não tenho dúvidas de que os técnicos do INEP vão produzir, junto com os professores associados, um exame com a mesma qualidade dos anos anteriores”.
Elizabeth Guedes acredita que o ENEM não está cumprindo sua função. “O ENEM foi criado sob a bandeira da democratização do acesso à universidade e da mobilidade, mas ele não está garantindo isso. Ao contrário, o exame transformou-se em um grande vestibular e em uma disputa totalmente desigual”.
Ela citou o exemplo da pontuação do ENEM para o curso de medicina, que é de mais de 900 pontos. “Nunca vamos ter um egresso da educação pública obtendo 900 pontos no ENEM. Será que o ENEM está mesmo medindo competências e habilidades?”, questionou.
Para ela, é preciso rever o aspecto da democratização e da igualdade. “Tem que ter uma forma estatística de compensação para a igualdade de acesso. Não podemos comparar um aluno que sai de uma escola privada paulista com o da escola pública. Principalmente nesse momento, quando o ensino privado andou e o público ficou parado”, destacou.