Na semana passada, o site da ANUP divulgou a história de cinco projetos finalistas do I Desafio Universitário pela Primeira Infância (leia aqui). Agora é a vez de você saber mais sobre as demais soluções práticas voltadas para o desenvolvimento integral das crianças nos primeiros anos, que foram realizadas nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Rio Grande do Sul. No dia 1 de dezembro, às 16h, vamos conhecer as três equipes vencedoras durante o evento da final que será transmitido pelo canal da ANUP (Anup Oficial) pelo YouTube.
Caminhabilidade e a Primeira Infância – Uma proposta para transformar os espaços públicos em locais mais amigáveis para as crianças (MG)
A Universidade de Minas Gerais desenvolveu um projeto focado em uma ferramenta que ajuda na concepção de ruas mais amigáveis para as crianças. Isso porque acredita-se que a forma como o espaço público é planejado impacta a maneira como as pessoas se deslocam ou ocupam esses locais, afetando, assim, diretamente o desenvolvimento dos pequenos.
A partir disso, a ideia é criar um Índice de Caminhabilidade, de acordo com as necessidades da primeira infância, com a ajuda de pais, cuidadores, pedagogos e pediatras. Serão verificadas questões como segurança pública ou viária, falta de infraestrutura das calçadas e acessibilidade. As informações serão disponibilizadas por meio de um aplicativo que vai auxiliar pesquisadores, gestores públicos e a população de forma geral a apurar quais são as condições de caminhabilidade de cada região, identificar quais as medidas prioritárias e disponibilizar dados sobre os responsáveis por cada espaço.
Formação de vínculo na adversidade para uma infância melhor, com a participação do pai (CE)
Desenvolvido pela Universidade Federal do Ceará, o IPREDE – um dos programas mais antigos de extensão da UFC – atende mais de 1.200 famílias, acompanhando a trajetória da criança por meio dos conhecimentos de neurociência na primeira infância. Agora, propõe atender a amostra de 160 pais com foco no vínculo de ressignificação da participação masculina no desenvolvimento das crianças.
Há evidências de que a participação do pai favorece o desenvolvimento social e o aprendizado, enquanto a ausência potencializa a sustentabilidade da pobreza e o déficit em todos os aspectos de desenvolvimento da criança. A partir disso, a ideia é criar grupos focais de escuta e desenvolver instrumentos de parentalidade com intervenções transgeracionais, mediadas por alunos dos cursos de enfermagem, medicina, psicologia, educação e economia da Universidade Federal do Ceará. Além disso, serão enviadas mensagens via WhatsApp aos pais, estimulando-os para as ações participativas no cotidiano das crianças.
Desta forma, o projeto vai reconstruir a realidade de muitas famílias, transformando cenários de violência e ausência em espaços de afeto e segurança. A parentalidade ativa contribuirá não só para o desenvolvimento das crianças, mas será a base para um plano de políticas públicas voltadas para a saúde de toda a família.
Primeira infância – avaliação das políticas públicas de prevenção
O projeto desenvolvido pelo Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (FAE) surgiu a partir de necessidades reais de ações que já eram desenvolvidas por uma ONG, desde 2007. Foram identificadas dificuldades de aprendizado e comportamento de algumas crianças. Diante da gravidade dos casos acompanhados, surgiram propostas de ações preventivas que foram levadas à FAE em formato de pesquisa científica, desenvolvida por meio de equipe interdisciplinar.
O público-alvo dos estudos são gestantes, acompanhadas a partir da vigésima semana de gravidez, e seus filhos até os dois anos de idade, bem com crianças de 0 a 6 anos. Para isso, as ações contam com parcerias de instituições do município. O projeto vai proporcionar melhor desenvolvimento social e acadêmico, melhores condições para o mercado de trabalho no futuro, redução dos riscos na adolescência, interromper o ciclo da pobreza, reduzir os gastos públicos, contribuir para a ciência e multiplicar as ações que vão desencadear em políticas públicas.
Futurus Infância (RJ)
O foco do projeto Futurus Infância, desenvolvido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, são as gestantes e crianças de 0 a 6 anos. Isso porque os dados mostram que, das 300 crianças nascidas, em 2018, na comunidade da Mangueira, cerca de 100 das mães não contaram com atendimento pré-natal mínimo. Além disso, os percentuais de gravidez precoce e partos prematuros são maiores entre as mães negras e com baixa escolaridade, reforçando a desigualdade do acesso aos serviços de saúde e educação.
Para combater esse cenário, será desenvolvido um aplicativo que vai fornecer informação de qualidade e acessível sobre gravidez, amamentação e cuidados com o bebê para mais de 5 mil famílias, contemplando não só as mães, mas também todos os cuidadores como avós e casais homoafetivos. O uso de georreferenciamento do app conectará essas famílias a serviços gratuitos e mais baratos. Além disso, um botão vermelho de emergência permitirá o acionamento do atendimento do SAMU, que contará com a localização rápida e histórico do usuário.
O projeto da UERJ é escalável e replicável e conta com a participação de alunos de economia, engenharia, medicina e odontologia. O App incentivará a busca de atendimento e acompanhamento profissional, aumentando os indicadores e diagnósticos de saúde na primeira infância, contribuindo assim para as políticas públicas, além de cumprir com o seu objetivo essencial de democratizar o acesso aos serviços de saúde e educação.
+Nós – Codesign de playgrounds exclusivos, empoderamento e tencologias digitais (RS)
De olho nas habilidades mais requisitadas para o século 21 – pensamento crítico e empreendedor, trabalho em equipe, inovação e resolução de problemas –, o projeto da IMED (Faculdade Meridional) é voltado para a reinvenção e readaptação das abordagens educacionais atuais realizadas nas escolas e empresas que devem ser iniciadas ainda na primeira infância.
A ideia é potencializar ainda mais as ações por meio de três workshops. Durante as atividades, as crianças vão explorar materiais físicos e digitais. Elas serão responsáveis por criar soluções que vão desde a escala de um brinquedo até a criação de um playground exclusivo, por exemplo. O objetivo desse processo progressivo é tornar crianças – de escolas públicas e privadas – realizadoras de projetos e soluções. Tudo isso tem sido desenvolvido por um ecossistema multidisciplinar que inclui escolas, empresas, instituições filantrópicas, e que poderá ser facilmente aplicado por outras organizações de forma sustentável e de acordo com as necessidades locais.
O Desafio
O I Desafio Universitário pela Primeira Infância é organizado pela ANUP, em parceria com a fundação holandesa Bernard Van Leer. Os ganhadores vão ganhar o prêmio de 10 mil reais (cada) para implementar suas propostas no primeiro semestre de 2021. Além disso, as equipes receberão mentorias com especialistas da área e os projetos serão publicados em português e espanhol pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação (OEI).
Até o dia da grande final, você pode conferir a história dos 10 finalistas e de todos os projetos classificados para a segunda fase também pelo site desafiouniversitario.com.br. Se quiser ainda ajudar de fato a transformar vidas, tirando esses projetos do papel, é só entrar em contato diretamente com os responsáveis de cada ação.