Segundo o Índice Global de Inovação, elaborado pela Universidade de Cornell, nos EUA, o Brasil ocupa apenas a 69ª posição entre os 128 países mais inovadores. O país perdeu 22 posições entre 2011 e 2016, situando-se em 69º lugar, posição que manteve em 2017. Segundo o periódico, o fraco desempenho brasileiro deve-se, entre outros fatores, à baixa pontuação obtida no indicador relacionado aos recursos humanos e pesquisa, em especial, aos graduados em Ciências e Engenharia.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2016) o Brasil ocupava uma das últimas posições em quantidade de engenheiros. Em 2014, enquanto a Coreia, Rússia, Finlândia e Áustria contavam com mais de 20 engenheiros para cada 10 mil habitantes, países como Portugal e Chile dispunham de cerca de 16 engenheiros/10 mil habitantes e o Brasil registrava somente 4,8 engenheiros para o mesmo universo de pessoas.
Esse quadro melhorou nos últimos anos, com a expansão significativa no número de matriculados e concluintes em cursos de engenharia, em todo o país. Em 2016, cerca de 100 mil bacharéis graduaram-se em cursos presenciais e a distância, mas a taxa de evasão ainda se mantém em um patamar elevado.
Ao mesmo tempo em que aumentou a procura pelos cursos de engenharia, o setor produtivo encontra dificuldades em recrutar trabalhadores com uma formação técnica sólida, mas humanística e empreendedora. Levando em consideração o lugar ocupado pela engenharia da geração de conhecimento, tecnologias e inovações e a necessidade de aumentar a produtividade, o Conselho Nacional de Educação decidiu fazer a revisão das Diretrizes Nacionais Curriculares dos cursos.
O documento foi colocado em consulta pública no dia 24 de agosto deste ano e ficou disponível para apresentação de propostas até 17 de setembro. Membros das comunidades acadêmica, científica, tecnológica e de inovação publicaram uma carta aberta no dia 19 de setembro expressando preocupação com a aprovação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em engenharia. O documento foi assinado por 18 entidades, entre elas, 12 instituições de ensino superior, sindicatos e entidades de classe.
A proposta foi apresentada em uma audiência pública realizada no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro. Os participantes da audiência, que eram favoráveis a revisão das diretrizes, argumentaram que a atual carga-horária dos cursos de engenharia no Brasil é maior que o de escolas mundialmente conhecidas como o Massachusetts Institute of Technology e os conteúdos são repetitivos. Segundo o conselheiro da Academia Nacional de Engenharia (ANE) Paulo Alcântara Gomes, ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a evasão nos cursos de engenharia chega a 40%.
Para o presidente da Câmara de Ensino Superior do CNE, Antonio Freitas, relator da comissão que analisa a proposta, a ideia é que cada escola tenha mais autonomia para formar seus profissionais de acordo com as necessidades do mercado de trabalho. Ele ainda defende que as novas diretrizes possam aumentar a inovação e criação de produtos no Brasil. Freitas afirmou ainda que o processo não tem data definida e que as contribuições da audiência pública também serão aproveitadas para a confecção da proposta final.