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As atividades práticas são indispensáveis em vários cursos da graduação. Como promovê-las de forma segura?

Em março de 2020, quando a pandemia fechou faculdades e universidades, já se sabia que o ensino remoto emergencial não funcionaria para todas as graduações. A grade curricular de cursos da área saúde, por exemplo, é composta por muitas disciplinas práticas e laboratoriais.

“As aulas práticas são essenciais porque precisamos experimentar a rotina profissional, aprender procedimentos e nos preparar para atender os pacientes”, explica Luísa Simonassi Zamprogno.

Aos 19 anos, Zamprogno é aluna do 3º período do curso de Odontologia do Centro Universitário Faesa, de Vitória (ES). Ela se diz satisfeita com os recursos e a estrutura da instituição, apesar de reconhecer as limitações impostas pelo novo coronavírus.

“Na pandemia ficou tudo mais complicado, pelos riscos de contaminação, mas meus professores deram e continuam dando total apoio para toda a turma. É um momento difícil para todos, mas estamos conseguindo seguir o nosso caminho de aprendizado.”

Na Faesa e nas demais instituições de ensino superior (IES), a retomada da aprendizagem prática só foi possível à medida que os decretos estaduais a permitiram.

A realização dessas atividades é precedida da adoção de um protocolo de biossegurança, definido na Portaria do MEC nº 572, de 1º de julho de 2020, contra a propagação do coronavírus.

Na prática, significa que a quantidade de estudantes é menor em sala de aula – comparada com o ensino pré-pandêmico. Os cuidados com higiene e distanciamento são redobrados. E se o aluno preferir ficar em casa (por segurança ou por motivos de saúde), tudo bem também.

Protocolos de segurança

Em Minas Gerais, a Faseh (Faculdade da Saúde e Ecologia Humana) foi uma das primeiras IES a retomar as atividades práticas presenciais. Para isso, a faculdade localizada em Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte, adotou uma série de protocolos sanitários e criou um comitê de combate à covid-19.

Nos laboratórios, cada estudante tem o próprio equipamento e realiza o distanciamento de um metro e meio entre os colegas. Além disso, algumas salas foram transferidas para corredores e áreas abertas.

Em agosto, as aulas práticas presenciais de Medicina foram retomadas. Em setembro, foi a vez do curso de Fisioterapia.

No IESB (Instituto de Ensino Superior de Brasília), as atividades práticas são realizadas com restrição do número de alunos, rodízios e opções remotas. Um discente do curso de Gastronomia, por exemplo, pode solicitar o envio de material para a sua casa e fazer a aula prática a distância.

O IESB voltou às atividades práticas em julho, após a liberação do governo do Distrito Federal. “Mas isso não significa que todas as atividades práticas precisam ser feitas. Não é o momento para voltar em massa. Nem de fazer atividades práticas desnecessárias”, Luiz Claudio Costa, reitor do IESB, afirma ao Desafios da Educação.

Atualmente, para reduzir o risco de contaminação, dezenas de recipientes com álcool 70% estão espalhados pelo prédio. Há limpeza dos laboratórios entre as trocas de turmas e medição de temperatura de cada um que chega ao campus. O uso de máscara é obrigatório. Qualquer aluno ou colaborador com suspeita de covid-19 deve ficar em casa.

Mas é mesmo seguro?

Quando se trata da retomada das atividades práticas presenciais, adequar os espaços físicos pode nem ser tão difícil. Garantir que as pessoas respeitem ao cumprimento das normas é o mais trabalhoso.

A Faseh diz que monitora os alunos e tenta impedir aglomerações nos corredores, antes e depois das aulas.

O médico infectologista e professor da Faseh, Guenael Freire, diz que as atividades práticas são seguras, mas dependendo da taxa de mortalidade por covid-19 não é recomendável fazer aulas presenciais. “A questão não é só adotar todos os protocolos [na faculdade], mas reduzir a mobilidade das pessoas”, afirma Freire.

Em março de 2021, tanto a Faseh quanto o IESB suspenderam as atividades práticas presenciais por tempo indeterminado. A medida é justificada pelo aumento do número de mortes em seus estados. Segundo Costa, reitor do IESB, parte dessas atividades agora são realizadas em laboratórios virtuais.

Laboratórios virtuais

Com a evolução das tecnologias educacionais, atividades práticas anteriormente reservadas ao modelo presencial de ensino em laboratório agora podem ser simuladas em ambiente virtual de aprendizagem (AVA ou LMS, na sigla em inglês).

Durante a pandemia, os laboratórios virtuais foram essenciais para que os alunos não fossem tão prejudicados pela restrição da presencialidade. O que propiciou um melhor andamento das disciplinas.

Em cursos da saúde, porém, a realização de atividades práticas presenciais segue obrigatória. Ou seja: mesmo com a utilização dos laboratórios virtuais de aprendizagem, haverá uma lacuna no ensino de determinados cursos que só é preenchida por atividades presenciais físicas.

“O laboratório virtual complementa, mas não substitui certas práticas presenciais de habilidade”, ressalta Vinícius Dias, diretor da Algetec.

A vantagem é que, quando chegam ao laboratório físico ou a um estágio clínico, os alunos que usam laboratórios virtuais estão mais preparados para enfim treinar suas habilidades manuais.

Fonte: Desafios da Educação

 

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