Foram apresentadas na segunda-feira, no Conselho Nacional de Educação (CNE), as recomendações para o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deve ser aplicado em 2024. O Estadão teve acesso ao documento e foi o primeiro a divulgar a informação. A prova deve ter duas etapas, uma de conhecimentos gerais e outra, dividida em quatro áreas profissionais.
A mudança no Enem é uma exigência da lei porque a partir de 2022 as escolas têm de oferecer o novo ensino médio, que dá flexibilidade aos alunos para escolher parte do currículo, conforme suas preferências.
A nova prova terá, portanto, de avaliar essa formação.
A proposta do parecer, cuja relatora é a presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro, é que a segunda etapa do Enem seja dividida em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), classificando alunos para cursos das Engenharias, Química, Computação, entre outros; Ciências Sociais Aplicadas, para cursos de Economia, Administração, Direito; Humanidades, Linguagens e Artes, para cursos de Filosofia, História, Pedagogia, entre outros; e Ciências Biológicas e Saúde, para Medicina, Enfermagem, Meio Ambiente, entre outros.
O documento entra em consulta pública e será votado no conselho em dezembro. Não foi proposta uma prova específica para quem optar pelo ensino técnico com o médio.
Se aprovado, o Inep deve começar a elaborar o exame a partir dessas diretrizes. Com a debandada que ocorreu na instituição, a preocupação de Maria Helena é “como e quando” isso seria feito. “O MEC precisa se preparar, contratar consultores, fazer investimento em dinheiro e técnico para ter um novo banco de itens (perguntas da prova)”, disse. O parecer diz ainda que a prova pode ter questões dissertativas e não só de múltipla escolha.
Maria Helena ouviu secretarias, entidades, universidades e analisou um estudo de experiências internacionais feito pela consultoria Vozes da Educação com apoio do Itaú Educação e Trabalho. Muitos países analisados têm uma prova geral e outra à escolha dos alunos.
A maioria tem questões discursivas e algumas orais.
O Enem foi criado em 1998 quando Maria Helena era presidente do Inep, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, como um teste de 63 questões interdisciplinares de conhecimento gerais. Em 2009, o então ministro Fernando Haddad resolveu torná-lo um grande vestibular e mudou o formato da prova, usando a metodologia de Teoria de Resposta ao Item (TRI).
PISA. A intenção agora é também usar como exemplo a prova do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com alunos de 15 anos no mundo todo. Assim como o Pisa, a recomendação é que o Enem avalie também questões socioemocionais.
Fonte: O Estado de S.Paulo