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Do caos à ordem. O conceito que ocupou a mente de filósofos na história serve como uma luva para descrever a condição das instituições de ensino superior na pandemia. Em março do ano passado, quando o ensino se tornou totalmente remoto, os cursos tiveram de ser reestruturados da noite para o dia, muitas vezes de formas que beiravam o improviso. Passada a turbulência, faculdades e universidades foram se adequando e, neste ano de 2021, mostram-se adaptadas à nova realidade imposta e impulsionada pela pandemia.

A aposta dos gestores é de que é um bom momento para quem pretende começar um curso superior. O formato remoto está consolidado e aprimorado, e o avanço da vacinação deve propiciar o retorno gradual das atividades práticas realizadas de forma presencial.

No Grupo Ser, por exemplo, a experiência da pandemia deu base para a elaboração de uma nova matriz curricular denominada Ubíqua, centrada no ensino híbrido e com um conjunto de novas propostas pedagógicas para todas as instituições do grupo. Há desde a inserção de palestras com experts até um programa de internacionalização que certifica estudantes pela participação em disciplinas conduzidas por professores estrangeiros e propostas voltadas ao estímulo do empreendedorismo.

Foi um processo de amadurecimento do conglomerado que soma 82 mil matrículas em instituições espalhadas pelo Brasil, como Uninassau, de Pernambuco; Unama, no Pará; UniJuazeiro, no Ceará; e UNG, em Guarulhos.

“Vínhamos fazendo experiências com o ensino híbrido há pelo menos cinco anos, com projetos-piloto de uso de metodologia e muita reflexão sobre a prática de ensino”, afirma Simone Bérgamo, diretora acadêmica do Grupo Ser Educacional. “Já tínhamos um respaldo teórico estabelecido em nossos projetos e, com a pandemia, tudo se acelerou.”

A soma das matrículas nas dez instituições do grupo cresceu 35,6% no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período em 2020.

Aprimoramento

Na ESPM, o caos do primeiro semestre de 2020 fez com que a instituição tornasse iniciativas embrionárias em projetos plenamente estabelecidos. No início daquele ano, a ESPM havia lançado o Life Lab, composto por um roteiro de aulas relacionadas a competências do século 21, destinado a complementar os programas de todos os cursos de graduação.

A proposta nasceu baseada em três pilares: autoaprendizagem, fluência digital e autoconhecimento, aplicados em disciplinas com turmas mistas. As aulas seriam no formato híbrido, com dois terços das atividades no modo remoto e o restante de forma presencial.

Com as restrições da pandemia, o Life Lab foi adaptado ao formato totalmente digital, o que resultou tanto em desafios como em um acelerado aprimoramento do programa. “O projeto tem a disciplina obrigatória Laboratório de Aprendizagem, voltada a auxiliar os estudantes a serem mais produtivos. Foi exigido um grande esforço logístico para conduzi-la no formato digital, com a integração dos alunos de todas as unidades”, explica Alexandre Gracioso, vice-presidente acadêmico da ESPM. “Agora a disciplina está na terceira edição, bem diferente do que pensávamos no início. Aprendemos a engajar, a tornar o modelo mais atraente para motivar os alunos. Apesar dos fundamentos teóricos continuarem os mesmos, a aplicação mudou bastante.”

A pandemia inspirou também a ampliação dos conceitos do Life Lab, abordando temas como a importância do bem-estar no mercado de trabalho. “Temos uma proposta de criação de uma disciplina sobre a felicidade. Envolveria as bases filosóficas e a questão de uma vida com propósitos. É um assunto que, apesar de já estar em debate no meio profissional e acadêmico, ganhou muita relevância com a pandemia, com as pessoas sendo submetidas à tensão e angústia ao máximo”, diz Gracioso.

Aprendizado

Por fim, o processo de adequação ao ensino em tempos de pandemia incluiu ações de suporte e treinamento para o corpo docente, organizadas sob a iniciativa Academia de Professores. Afinal, não bastava que eles aprendessem a usar tecnologia. Era necessário dar orientação sobre como utilizar as ferramentas a fim de manter o engajamento da turma – um quiz no meio da aula, por exemplo, ajuda a atrair a atenção.

A ideia é que, quando os encontros presenciais voltem a ser possíveis, provavelmente no segundo semestre deste ano, os estudantes encontrem instituições de ensino literalmente prontas na arte de ensinar remotamente, mas, ao mesmo tempo, ávidas para proporcionar as experiências e os aprendizados presenciais.

Modelo misto

O ensino híbrido é uma modalidade que mescla aulas remotas e presenciais. A aposta dos especialistas é que o formato seja o mais utilizado no mundo pós-pandemia. Nesse formato, os conteúdos teóricos são trabalhados a distância, com o uso de metodologias ativas de ensino, como aula invertida e uso de simuladores. Já os encontros presenciais servem mais à aplicação prática do conhecimento. Em um curso de Saúde, por exemplo, os fundamentos de uma disciplina podem ser estudados remotamente e aulas que envolvem usos de laboratórios ou clínicas-escola seriam dadas de forma presencial.

Fonte: Estadão online

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