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Engajar para qualificar a experiência de aprendizagem e levar o estudante a ter sucesso em sua jornada é um dos desafios mais relevantes da educação na contemporaneidade. Mas o que o engajamento tem a ver com o processo de aprendizagem?

Engajar-se em uma tarefa ou atividade significa envolver-se, dedicar-se de forma significativa. Estudantes engajados sentem-se motivados e se esforçam para concluírem e terem sucesso em seus projetos. A motivação está ligada à intenção do agir e não existe engajamento sem a motivação.

O estudante engajado é ativo em sua aprendizagem e quanto maior a motivação, dispõe de maior esforço, inspiração e foco na resolução de suas atividades.

Quando me refiro ao processo de engajamento, é preciso levar em consideração os aspectos sociais, culturais e experiências de vida, bem como características intrínsecas e singulares que cada estudante carrega ao ingressar em uma instituição de ensino. Por isso, conhecer os fatores promotores das motivações dos estudantes é algo importante para qualquer profissional da educação.

Assim, o engajamento trata-se de uma medida capaz de representar a quantidade e qualidade sobre o nível de participação dos estudantes em uma disciplina, curso ou em outros aspectos de um programa educacional.

Na prática, isso se materializa pelo nível de participação e envolvimento com as atividades propostas, que podem ir desde a capacidade de se sentir desafiado, o cumprimento de entregas de atividades, tempo e a energia devotados para atividades educacionais até o sentimento de pertencimento. O aluno engajado aprende mais e tende a permanecer na instituição.

Mais engajamento e menos evasão

Para se ter uma dimensão do impacto da evasão escolar nacional, os indicadores revelam que 20,2% dos jovens de 14 a 29 anos não completaram o ensino médio (IBGE), seja porque abandonaram a escola antes do término dessa etapa, seja porque nunca chegaram a frequentá-la. Isso equivale a 10,1 milhões de jovens. Já na educação superior, com base no levantamento feito pelo Semesp, só no primeiro semestre de 2021, já foram registrados 608 mil alunos, que certamente sofreram aumentos expressivos, tendo em vista as consequências do cenário pandêmico.

Promover ações de sucesso e permanência requer considerar o nível de engajamento, pois mais do que a oferta de apoio financeiro, é preciso cuidar da experiência dos estudantes para potencializar ao máximo as suas formas de aprendizagem.  Criar condições motivadoras faz a diferença na criatividade, na inovação e na construção de uma educação através da nova sala de aula.

Mas como tornar este processo visível? Para tornar este processo visível, e de fato medir o nível de engajamento dos estudantes, sugiro a criação de um engajômetro, ou seja, uma ferramenta capaz de mensurar a qualidade da experiência de aprendizagem potencialmente bem-sucedida a partir da percepção do estudante em suas atividades.

Inspiradas em alguns critérios estabelecidos pelo Nacional Survey of Student Engagement (NSSE), bem como, outros aspectos que possibilitam a verificação diária, estabeleci seis pilares de mensuração:

Pilar 1 – Significação e propósito

Mensura a percepção do estudante sobre a capacidade de compreender o motivo, significado e aplicabilidade dos conteúdos e atividades pedagógicas.

Pilar 2 –  Desenvolvimento de habilidades cognitivas

Mensura a percepção do estudante sobre a capacidade de sentir que os trabalhos realizados são desafiadores e com isso terá a possibilidade ampliar o seu repertório de conhecimentos por meio do desenvolvimento de habilidades cognitivas.

Pilar 3 –  Motivação para aprender

Mensura percepção do estudante sobre o nível de esforço empenhado a partir da motivação para resolução das atividades propostas

Pilar 4 – Desempenho acadêmico

Mensura a capacidade de concluir todas as atividades pedagógicas propostas durante uma aula, período ou programa educacional. O estudante que entrega as atividades tende a ter mais sucesso e consequentemente, permanecer na instituição.

Pilar 5 –  Interação e integração entre os pares

Mensura a percepção do estudante sobre a capacidade de se sentir aceito, ouvido e participante no grupo a partir das suas contribuições por meio da interação entre os pares. É o indicador que mostra como o estudante se relaciona com os professores e outros membros da instituição tanto no ambiente de sala de aula como fora dela.

Pilar 6 – Consolidação do aprendizado

Mensura a percepção do estudante sobre o sentimento de consolidação do processo de aprendizagem. É o indicador que mostra se o estudante sente que aprendeu algo novo com a aula, curso ou programa.

Para mensurar o nível de engajamento, a coleta de dados é realizada por meio de um questionário online com perguntas direcionadas aos estudantes a partir dos pilares de mensuração, elaboradas de forma que tenham clareza na hora de compartilhar as percepções sobre sua experiência de aprendizagem. Este cuidado aumenta as taxas de respostas e a qualidade dos resultados obtidos.

Para criar o próprio “engajômetro” é simples:

  1. Estabeleça os critérios de mensuração do engajamento.
  2. Transforme os critérios em questões de fácil compreensão.
  3. Crie um formulário para coletar as percepções dos estudantes
  4. Ao término das suas atividades, disponibilize o questionário de percepção do engajamento.
  5. Analise o resultado.

Inicie seu planejamento levando em conta os dados apresentados com intuito de aumentar o engajamento dos estudantes.

O engajômetro adicionadas a outras ações de melhoramento contínuos, como por exemplo, a formação continuada dos professores, a aplicação de metodologias ativas, momentos de escuta ao discente, políticas de apoio financeiro, etc., pode ser uma ferramenta poderosa de avaliação contínua a partir do nível de engajamento do estudante.

Ao ter a evidência das percepções dos estudantes em mãos, a equipe pedagógica pode reavaliar o planejamento e fomentar novas ações pedagógicas capazes de redirecionar a experiência qualificando-a de forma ágil e consequentemente elevando os níveis de sucesso do estudante em sua jornada de aprendizagem.

Fonte: Revista Ensino Superior

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