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Atentas às ações da indústria de tabaco na formação de novos fumantes, a Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP) e a Fundação do Câncer anunciam nesta sexta, 31, Dia Mundial sem Tabaco, o “Movimento Vape Off”, com o intuito de alertar para o uso crescente dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), mais conhecidos como cigarro eletrônico ou vape.

Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) revelam que o consumo de vape aumentou 600% nos últimos seis anos nas Américas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que há 1,3 bilhão de usuários de tabaco em todo o mundo; enquanto isso, as empresas de tabaco gastam mais de US$ 8 bilhões por ano em marketing e publicidade.

“A educação é o principal motor de desenvolvimento de uma nação e é através dela e da informação que nós vamos vencer essa batalha. Os DEFs oferecem um grave risco à saúde dos seus usuários e vivemos hoje uma epidemia silenciosa”, ressalta Elizabeth Guedes, presidente da ANUP.

Entre as ações previstas pela campanha está a realização de um Desafio Universitário para estudantes e pesquisadores de todo o país com o objetivo de mobilizar universidades na luta contra o uso de cigarros eletrônicos. O projeto, desenvolvido no âmbito da ANUP Social, frente de E.S.G da ANUP, será lançado oficialmente no próximo ano.

“Nós vamos debater esse assunto dentro das nossas universidades e premiar as iniciativas e as propostas mais inovadoras e criativas de prevenção ao uso dos vapes, assim como a pesquisa científica que mostrará os efeitos deletérios que eles têm sobre a nossa saúde”, explica Elizabeth.

Ainda de acordo com a OMS, o tabaco mata cerca de 8 milhões de pessoas por ano (mais de 7 milhões de fumantes ativos e mais de 1 milhão de não fumantes expostos ao fumo passivo), sendo um milhão nas Américas. A expectativa de vida dos fumantes é pelo menos 10 anos mais curta do que a dos não fumantes.

Por isso, a OMS realiza uma campanha mundial pedindo aos governos o cumprimento das determinações estabelecidas na Convenção Quadro para Controle do Tabaco (CQCT) e das diretrizes adicionais do artigo 13, adotadas na COP 10, que falam sobre proibição da Propaganda, Promoção e Patrocínio do Tabaco.

Alfredo Scaff, epidemiologista da Fundação do Câncer, alerta sobre os riscos associados aos vapes, que, apesar de proibidos, já foram experimentados por cerca de 1 milhão de brasileiros, majoritariamente jovens entre 15 e 24 anos, segundo pesquisa do Ministério da Saúde.

“Essa é uma preocupação, pois além dos diversos malefícios, há uma prevalência de que crianças e adolescentes que usam vapes têm duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros tradicionais na vida adulta”, avalia o especialista.

Com cheiro agradável, sabores diversos e formatos atraentes, os cigarros eletrônicos logo ganharam popularidade e viraram modinha. “Inicialmente, a indústria do tabaco vendeu a ilusão que o cigarro eletrônico ajudava o fumante do cigarro tradicional a largar o vício. Isso é uma falácia. Não há comprovação científica sobre esse discurso. Ao contrário, trabalhos científicos já publicados apontam que o vape pode conter até 31 substâncias tóxicas, incluindo a nicotina, que chega ao cérebro em segundos e é altamente viciante”, diz Scaff.

Segundo o epidemiologista, os dispositivos eletrônicos podem conter substâncias químicas, como formaldeído, acetaldeído, acroleína, metais pesados, além da nicotina, substâncias prejudiciais à saúde. “Afora isso, o vape tem uma bateria e circuitos para gerar combustão e há diversos relatos de que pode causar explosão, provocando machucados e queimaduras em quem usa o produto”, complementa.

O estudo “Câncer de pulmão no Brasil: Por dentro dos números”, lançado este mês pela Fundação do Câncer, revelou que o tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento e, consequentemente, da mortalidade do câncer de pulmão no Brasil, estando associado a cerca de 85% dos casos de óbito entre homens e quase 80% dos óbitos entre as mulheres.

Diretor executivo da Fundação do Câncer, o cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni diz que é preciso que as pessoas e instituições abracem essa causa, como a ANUP Social, que está desenvolvendo o Desafio Universitário. “Precisamos da adesão de todos. Só dessa forma, o Movimento Vape Off vai ganhar força e enfraquecer essa onda chamada cigarro eletrônico impulsionada pela indústria do tabaco. Estamos planejando numerosas ações e atividades, que podem ser acompanhadas no Instagram @movimentovapeoff”, conclama Maltoni.

Foto: Canva

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