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Foram divulgados nesta terça-feira, 03, os resultados do maior estudo sobre educação do mundo, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Embora o estudo tenha apontado um pequeno aumento da nota média dos estudantes brasileiros, o país segue entre os últimos 10 colocados na prova de matemática.

Os dados apresentados revelaram que o Brasil tem baixa proficiência em Leitura, Matemática e Ciências, se comparado com outros 78 países que participaram da avaliação. A edição 2018, divulgada mundialmente revelou que 68,1% dos estudantes brasileiros, com 15 anos de idade, não possuem nível básico de Matemática, considerado como o mínimo para o exercício pleno da cidadania. Em Ciências, o número chega 55% e em Leitura, 50%. Os índices estão estagnados desde 2009.

Segundo o ministro da Educação Abraham Weintraub, é necessário haver maior qualidade no direcionamento dos recursos. “O Brasil, a despeito dos investimentos que foram feitos, fica atrás [dos outros países sul-americanos]”, disse. “Estamos estagnados desde 2009. Estamos com o mesmo desempenho estatisticamente desde 2009, a despeito dos recursos investidos”, continuou.

Quando comparado com os países da América do Sul analisados pelo Pisa, o Brasil é pior país em Matemática empatado estatisticamente com a Argentina, com 384 e 379 pontos, respectivamente. Uruguai (418), Chile (417), Peru (400) e Colômbia (391) estão na frente.
Em Ciências, o país também fica em último lugar, junto com os vizinhos Argentina e Peru, com empate de 404 pontos. Estão melhor classificados Chile (444), Uruguai (426) e Colômbia (413). Quando o assunto é Leitura, o Brasil é o segundo pior do ranking sul-americano, com 413 pontos, ao lado da Colômbia (412). Em último lugar, estão Argentina (402) e Peru (401).

Esse cenário abrange, por exemplo, situações de estudantes incapazes de compreender textos, resolver cálculos e questões científicas simples e rotineiras. Se comparado à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil apresenta resultados ainda piores nas três áreas avaliadas, conforme a relação abaixo:

 Leitura: OCDE 487, Brasil 413; faixa do Brasil no ranking: 55º e 59º
 Matemática: OCDE 489, Brasil 384; faixa do Brasil no ranking: 69º e 72º
 Ciências: OCDE 489, Brasil 404; faixa do Brasil no ranking: 64º e 67º
Realizado a cada três anos, o Pisa tem o objetivo de mensurar até que ponto os jovens de 15 anos adquiriram conhecimentos e habilidades essenciais para a vida social e econômica.

Em 2018, 79 países e 600 mil estudantes participaram do teste, que ocorre desde 2000. Os dados do Brasil foram comparados com:

 países da América do Sul participantes do Pisa, pela proximidade territorial e cultural;
 Espanha e Portugal, pela proximidade cultural;
 Estados Unidos, por ter um sistema federativo e grande extensão territorial;
 Canadá, pelo tamanho territorial e por ser exemplo em índices de educação;
 Coreia e Finlândia, pois apresentam alto desempenho escolar.

No Brasil, foram envolvidas 597 escolas públicas e privadas com 10.961 alunos, escolhidos de forma amostral de um total aproximado de 2 milhões de estudantes. Cerca de 7 mil professores também responderam questionários. A avaliação foi aplicada eletronicamente, em maio do ano passado, pelo Inep.

Observando as quatro edições do Pisa, o desempenho escolar não caminhou junto dos altos investimentos do governo federal na educação básica. Em 2009, primeiro ano do período de estagnação dos índices, foram gastos R$ 18 bilhões. Já em 2018, o número saltou para R$ 39 bilhões, um aumento de 116%.

Fatores associados – Além dos números de proficiência nas três áreas temáticas, o Pisa 2018 também apresenta o contexto em que os jovens estão inseridos e qual o impacto disso nos resultados.
Uma das situações levantadas é que quanto mais rico social, cultural e economicamente o estudante for, maiores são as oportunidades de acesso à educação e, com isso, tende a ter melhor desempenho escolar. Um em cada 10 estudantes pobres, na faixa etária de 15 anos, acreditam que não vão concluir o ensino superior. Já no caso dos mais ricos, a média é de 1 em cada 25.

O bullying também é tema do relatório. Enquanto 23% dos estudantes dos países da OCDE declararam que já sofreram esse tipo de violência, no Brasil esse número chegou a 29%. Em relação à disciplina em sala de aula, os próprios alunos (41%) disseram que os professores levam bastante tempo até conseguirem manter a ordem na classe. Nos países membros da OCDE, o índice é de 26%.

O levantamento mostrou ainda que o índice de estudantes brasileiros que faltaram às aulas pelo menos um dia nas últimas duas semanas antes da aplicação do Pisa foi de 50 pontos percentuais, enquanto os dos países da OCDE, atingiram 21 pontos percentuais.

Embora o estudo avalie os dados de 2018 e os compara com as edições anteriores do Pisa, a atual gestão do Ministério da Educação (MEC) já tomou medidas a fim de impactar diretamente na melhoria dos resultados, nos próximos anos, como a criação do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, o ensino médio e fundamental em tempo integral, a reformulação do Novo Ensino Médio, a criação dos Programas Educação em Prática e Educação Conectada, entre outras medidas.

Referência: MEC

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