Quando vão estudar fora, os brasileiros estão buscando mais cursos de idiomas que incluem a chance de trabalhar, programas de ensino que oferecem certificados e cursos de graduação. A necessidade de incrementar o currículo e se diferenciar no mercado de trabalho é o principal motivo para a decisão de ir para o exterior.
Os dados são de pesquisa da Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), associação nacional de agências de intercâmbio e viagens educacionais, realizada com 466 representantes dessas empresas. O levantamento analisou o que leva brasileiros a buscarem experiências no exterior e os tipos de produtos mais comprados nos últimos três anos.
Cursos de idiomas se mantiveram como os preferidos durante esse período, mas os programas similares que oferecem a possibilidade de trabalho temporário subiram no ranking dos mais procurados, da quarta posição em 2015 para a segunda em 2017. Isso indica a escolha de programas mais longo, uma vez que esse tipo de visto só é oferecido para quem fica pelo menos seis meses fora, a depender do país.
Cursos de férias para adolescentes se mantiveram como terceiro produto mais comprado, enquanto programas profissionais com certificado, como especializações e cursos técnicos, subiram na preferência da quinta para a quarta posição no mesmo período.
Mudou também a justificativa dos brasileiros que buscam cursos de todos os tipos. Embora os de idiomas sejam os mais procurados, a justificativa dada pelos compradores deixou de ser a necessidade de aperfeiçoar uma segunda língua, motivo mais citado em 2015 e 2016 e que caiu para a sétima posição em 2017. O fator mais prevalente no ano que passou foi a necessidade de incrementar o currículo e ter um diferencial na hora de buscar uma vaga de trabalho.
Maura Leão, presidente da Belta, percebe um movimento forte de jovens que se formam na faculdade e, sem a garantia do primeiro emprego, escolhem passar um tempo fora. "Aprender o idioma é um dos pontos, mas o que mais conta é ter flexibilidade para se adaptar à cultura, conhecer pessoas diferentes e pensar de forma globalizada", afirma.
Um formato que caiu na preferência foi o tradicional intercâmbio no ensino médio, que deixou o segundo lugar para a quinta posição entre 2015 e 2017.
Maura atribui a queda ao menor poder aquisitivo das famílias, que muitas vezes preferem enviar os filhos para cursos de férias ou programas mais curtos. Cursos de graduação subiram da oitava posição em 2015 para a sexta em 2017. Mestrados e doutorados entraram pela primeira vez no top 10 em 2017, enquanto a pós-graduação lato sensu, o que inclui programas de MBA, se manteve no 9º lugar.
No geral, o inglês ainda é o idioma favorito de quem busca uma experiência fora, seguido do espanhol, do francês e do alemão, nessa ordem. O Canadá se manteve o país mais procurado, seguido dos EUA e do Reino Unido, que subiu do quinto para o terceiro lugar.
A desvalorização do real, o medo de se descapitalizar na crise e o desemprego foram os principais fatores que deixaram os brasileiros com o pé atrás na hora de investir em cursos no exterior. Ainda assim, houve um aumento de 12% no valor médio gasto, que se aproximou dos US$ 10 mil. Cerca de um terço dos compradores gastam menos de US$ 3 mil, enquanto 25% investem mais de US$ 10 mil na experiência.