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O potencial brasileiro para a adoção de fontes de geração de energias renováveis e o crescente interesse público e privado por novas matrizes energéticas geram um ambiente propício para que o profissional especializado em Energias Renováveis encontre um mercado de trabalho promissor. De acordo com informações divulgadas em 2020 pelo Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil tem, atualmente, 83% de sua matriz elétrica originada em fontes renováveis, com destaque para as hidrelétricas, que correspondem a 63,8% do total. Apesar do cenário, a demanda por mão de obra qualificada ainda é um dos desafios enfrentados pelo setor. Por isso, a carreira de Especialista em Energias Renováveis é o foco da primeira matéria da série “Diário Educação -Profissões do Futuro”.

Mais do que o cenário futuro, a atuação profissional voltada para a área de Energias Renováveis já é uma realidade no presente, conforme aponta o professor coordenador do grupo de Energia, Biomassa e Meio Ambiente da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA), Manoel Fernandes Martins Nogueira. Doutor no assunto, o professor aponta que as energias renováveis têm ganhado cada vez mais espaço e essa é uma realidade não apenas do Brasil, mas do mundo como um todo. “A demanda urge. As empresas que trabalham com energias renováveis estão sempre em busca de técnicos habilitados, em todos os níveis, que são muito pouco ainda. Não tenho dúvidas de que hoje a falta de técnicos habilitados é o principal gargalo para o desenvolvimento da área”, analisa. “O que está acontecendo, hoje, é que naturalmente a nossa sociedade está migrando para o fornecimento de energias mais variadas possíveis e está dando ênfase para as energias renováveis”.

Para exemplificar o cenário, o professor considera que, atualmente, no Brasil, as empresas interessadas já podem comprar energia puramente renovável e mesmo a sociedade de uma maneira geral, as pessoas comuns, também já podem gerar sua própria energia elétrica, na sua casa, para o seu próprio consumo. “A legislação já permite isso. Ao invés de você pagar a energia da distribuidora de energia, você gera a sua própria energia. Por isso, já é possível perceber, andando pela cidade, a grande quantidade de painéis fotovoltaicos nos telhados das casas, de restaurantes, faculdades, estacionamentos”, atenta o professor. “Então, as energias renováveis estão cada vez mais entrando na sociedade e cada vez mais se generalizando. Mesmo nos países desenvolvidos, o mercado de energias renováveis está deslocando o mercado do petróleo”.

O professor reforça que essa maior presença das fontes de energias renováveis não significa uma substituição do mercado do petróleo. Manoel Fernandes destaca que, ainda por muitos anos, o petróleo vai continuar sendo a principal fonte energética do planeta. Mas isso não impede que se perceba um mercado muito grande para as energias renováveis, mercado esse que depende de profissionais qualificados na área.

PROFISSIONAIS

Dentre os profissionais habilitados a atuar na área, o professor destaca tanto os técnicos com graduação em engenharia, quanto técnicos de montagem. Manoel aponta que esses profissionais são formados nas universidades e, no caso de técnicos de montagem, nas escolas técnicas, como no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA). “Quais são esses cargos? Na universidade são engenheiros mecânicos que têm como uma fração de sua atuação a área de energia. Há também uma relação com engenheiros elétricos e alguma relação com os engenheiros civis. São as três engenharias que provêm atuação na área da energia”, explica. “Na área da formação técnica, os técnicos em mecânica, os técnicos em energia elétrica e os técnicos em edificações são os principais fornecedores de mão de obra para essa área de atuação”.

A atuação no campo das energias renováveis é variável, segundo aponta o professor. Tais profissionais podem atuar tanto em centrais termoelétricas, no campo da energia solar, da energia eólica, biomassa e energia cinética dos rios. Diante da variedade de atuação e da demanda crescente, o professor destaca que instituições de ensino já têm planejado a disponibilização de cursos de graduação especifi-c amente na área de energia. “Recentemente algumas universidades e escolas técnicas estão lançando cursos específicos de energia, ou seja, engenheiros de energia ou técnicos em energia aqui no Estado. Fora isso, outros estados já possuem cursos de graduação em energia, tanto em energia, quanto em eficiência energética. Ou seja, não é só instalação de novos projetos, mas também manter os projetos antigos em condição de operação”, aponta Manoel Fernandes.

Fonte: Diário do Pará

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