Com apenas um ano e meio de vida, Tiago Alves Carneiro Junior teve uma febre altíssima e perdeu a audição. Até os nove anos de idade frequentou uma escola para surdos na cidade de Curitiba, no Paraná.
Após esse período, se mudou para uma escola normal, onde não tinha nenhum recurso para sua deficiência. Tiago relata que sofreu bullying e preconceitos por parte dos alunos.
Já o pedagogo Danilo da Silva é surdo desde que nasceu e ao longo da sua jornada escolar teve a oportunidade de estudar em uma instituição educacional para surdos.
Infelizmente, nem todos os estudantes com necessidades educacionais especiais têm este privilégio.
Mesmo assim, Danilo conta que já sofreu muitos preconceitos em diversas outras esferas sociais, pois a sociedade em geral não está preparada ou tem informação suficiente para conviver com pessoas com deficiência.
Entre batalhas e conquistas, não se deixaram vencer pela falta de recursos ou preconceito.
Atualmente, Tiago é formado em Direito pelo Centro Universitário Internacional (Uninter) e é colaborador da Ordem dos Advogados do Brasil/Paraná.
Também na Uninter, Danilo concluiu o curso de Pedagogia e atualmente cursa doutorado em Educação pela Universidade Federal do Paraná.
Os dois encontraram na instituição, através do SIANEE – Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais, o apoio e acessibilidade para uma formação de qualidade.
O número de alunos matriculados em cursos superiores declarados com algum tipo de deficiência cresce ano após ano e representa um aumento de 153% em uma década.
De acordo com um levantamento do Censo da Educação Superior, em 2009, 20.019 alunos portadores de deficiência estavam matriculados em cursos de graduação.
Já em 2019, os números demonstram um crescimento considerável. Esses estudantes correspondiam a 50.683 matrículas.
Todavia, esses números podem não corresponder à realidade. Segundo a professora Leomar Marchesini, coordenadora do SIANEE, obter dados fiéis referente ao número de estudantes com deficiência nos cursos superiores não é tão simples.
“Acredito que esse número é bem maior devido às leis que foram promulgadas no país, em benefício dos direitos das pessoas com deficiência na educação. Anteriormente, as instituições de ensino podiam negar matrícula à uma pessoa com deficiência, usando subterfúgios. Atualmente, esta prática constitui crime e é passível de prisão”, explica a especialista.
EAD facilita a inclusão e permanência
A Educação a Distância (EAD) é um dos recursos mais inclusivos para a pessoa com deficiência. Além disso, o avanço tecnológico permite que o estudante assista às aulas e as realize de modo remoto em casa.
Entretanto, além da tecnologia, o fator humano é fundamental. “Ter professores capacitados e motivados para trabalhar com estudantes com diferentes naturezas de deficiência, sejam elas sensoriais, física, intelectual ou mental, é fundamental para o avanço dos alunos”, explica Leomar.
Na Uninter, o SIANEE busca englobar todos os recursos para o desenvolvimento do aluno com deficiência. Os profissionais promovem a acessibilidade digital, comunicacional e de informação, seja em aulas presenciais ou remotas. Todo o material didático, atividades pedagógicas e avaliações oferecem acessibilidade a todos os estudantes.
“As peculiaridades apresentadas pelos alunos com necessidades educacionais especiais que ingressam na instituição são analisadas e é realizado um planejamento individual de atendimento. Contamos com um corpo de tradutores intérpretes de Libras que são os mediadores linguísticos para os discentes surdos nas aulas. Trabalhamos na adaptação e conversão de livros e material didático que possibilita o uso nos computadores com softwares leitores de tela, usados pelos alunos cegos”, conta Leomar sobre a rotina da área.
O Sianee foi criado em 2005, quando ingressaram na Uninter dois alunos cegos no curso de Gestão de Negócios e uma aluna surda no curso de Administração.
Daí em diante, a organização decidiu receber muitos estudantes com necessidades educacionais especiais. Ao longo dos anos, a instituição passou por muitos aprimoramentos no atendimento e hoje, a Uninter conta com mais de 1.400 alunos com deficiência em todo Brasil.
Fonte: Notícias Concursos