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Fevereiro de 2020. Um mês antes de mundo e Brasil identificarem a pandemia da covid-19 e colocarem pessoas em isolamento, Virgilio Gibbon, presidente da Afya Educação, especializada no ensino da medicina, começou a perceber o rumo das coisas. Teve, como ele mesmo diz, “um insight”.

Interrompeu uma importante reunião de lideranças e pediu às “60 melhores cabeças da companhia” que encontrassem soluções diante do tsunami à frente: escolas fechadas, junto com a necessidade de manter a aprendizagem ativa e as mentes de alunos e colaboradores em perfeitas condições.

“Um mês antes do lockdown, a gente estava com um plano de ação e respostas de como agir”, diz Gibbon. “Minimizamos riscos, antecipamos contratos para ajudar no fluxo de caixa de parceiros e mantivemos colaboradores, na contramão das demissões incentivadas”. A Afya (pronuncia-se Áfia e significa saúde e bem-estar no idioma africano suaíli) é campeã de Educação no anuário Época NEGÓCIOS 360º pelo segundo ano seguido e, desde 2019, tem ações negociadas na bolsa eletrônica Nasdaq, de Nova York. Tem 33 mil alunos de graduação.

Com a base preparada, a empresa cresceu via aquisições na atividade original e agregou serviços digitais com uma velocidade não imaginada – em menos de um ano, formou um verdadeiro sistema de “healthtechs”. A agressividade da empresa despertou até a atenção de um grande investidor, o conglomerado japonês SoftBank. Desde abril de 2021, o SoftBGank Latin America Fund tem 8,4% das ações da Afya Educacional, mediante o aporte de R$ 822 milhões.

São agora duas as unidades da Afya: a educacional e a tecnológica. Na educacional, a mais recente e importante aquisição, fechada em maio de 2021, foi a Unigranrio, arrematada por R$ 700 milhões. Marcou a entrada da empresa no Rio. Ainda em 2021, a Afya pagou R$ 300 milhões pela Sociedade Padrão de Educação Superior, com uma faculdade em Montes Claros (MG) e outra em Guanambi (BA) – faz parte da estratégia a interiorização do ensino médico. Outras quatro universidades foram absorvidas desde o início da pandemia. E duas em 2019, ano oficial de criação da empresa.

Tudo andou muito rápido na área digital. Começou com a compra, em julho de 2020, da Pebmed, plataforma tecnológica de auxílio à decisão clínica. Na sequência, vieram a Medphone, também de apoio a decisões clínicas, a iClinic, de oferta de prontuário médico eletrônico e de ferramentas de gestão. Depois, foi a vez da Medicinae, fintech do segmento saúde. A Medicinae faz a gestão de caixa e capital de giro e antecipa pagamentos. Por fim chegou a Medical Harbour, de imagens de anatomia e radiologia (permite, por exemplo, a exploração virtual do corpo humano por estudantes), a Cliquefarma, de comparação de preços de medicamentos e produtos de higiene e beleza, e a Shosp, de gerenciamento de clínicas médicas.

Com a mesma visão de futuro pré-pandemia, Gibbon sonha, agora, com conquistas lá fora. “Vamos consolidar a operação nacional para, em dois ou três anos, ocupar espaço também no mercado internacional”, diz. Se a velocidade dos negócios continuar a desmentir as previsões iniciais, pode ser até antes.

Fonte: Revista Época Negócios online

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