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Num cenário de desemprego, queda de renda e orçamento apertado da União para ampliação do programa de financiamento estudantil (Fies), promessa do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva durante sua campanha, uma ideia que começa a ser defendida em parte do setor é a oferta do Fies para cursos de Educação a Distância (EaD).

Hoje, só as graduações presenciais são contempladas no programa estudantil e havia, até então, um consenso de que o valor da mensalidade de cursos EaD é muito baixo para se estruturar um financiamento. Em média, a mensalidade de uma graduação presencial custa R$ 800. No EaD, R$ 200.

Mas com a crise econômica, o valor de R$ 200 já é visto como impeditivo para um alunos de menor renda ingressar no ensino superior e a percepção anterior começa a mudar. Além disso, com a pandemia, a demanda por cursos on-line cresceu e já representa uma fatia relevante da receita dos grupos educacionais.

Segundo o último Censo do Ministério da Educação (MEC), em 2021, 51% dos alunos da rede privada estavam matriculados em cursos on-line e o número de calouros nessa modalidade somou mais que o dobro do presencial.

Ontem, durante evento para analistas e investidores, Rodrigo Galindo, presidente do conselho de administração da Cogna, defendeu que o Fies seja ofertado também para graduação on-line. “Acho que uma política pública eficiente é a que atinge a maior quantidade de pessoas possível. Com o EAD, o Fies pode atingir mais pessoas com o mesmo recurso e pode ajudar na redução da evasão”, disse Galindo.

Ele destacou que não há no momento nenhuma proposta estruturada do setor sobre Fies sendo apresentada ao novo governo.

Na opinião de Elizabeth Guedes, uma das novas integrantes da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), ligado ao MEC, a ampliação do Fies para cursos EAD é viável e necessária, mas é preciso que a concessão de financiamentos esteja atrelada à qualidade do curso.

“Nosso grande gargalo é a falta de avaliação nos polos, o que tornou a oferta sem garantia de qualidade. Centenas de pequenas faculdades não conseguem ofertar cursos EAD porque a guerra de preços inviabiliza o investimento. O monitoramento da qualidade da oferta separa joio do trigo e incentiva o financiamento público para estes cursos que garantem inclusão real na educação superior”, disse Guedes.

Celso Niskier, presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), observa que “se houver uma maior regulação na abertura de polos e cursos de ensino a distância, naturalmente a oferta será menor e vai fazer com que o preço volte a crescer e ficar mais próximo da realidade. Hoje, há ofertas a R$ 49. Primeiro, temos que resgatar o EAD como uma opção de qualidade”, disse Niskier.

Atualmente, o governo concede 100 mil financiamentos estudantis por ano. Porém, apenas metade é contratada porque os alunos não conseguem se enquadrar nas exigências de renda e nota no Enem. Em geral, os alunos elegíveis financeiramente ao programa não conseguem obter pontuação suficiente na prova.

Fonte: Valor Econômico
Foto: Marcello Casal Jr/ Ag. Brasil

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